Dak Prescott e a Resiliência

Resiliência. Dak Prescott.

Os norte-americanos, mais do que nós, gostam dessa palavra, embora a utilizem em situações peculiares.

Apenas para relembrar, embora todos saibam, segundo o dicionário Oxford, resiliência significa “(1. FÍSICA) propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica; e (2. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE) capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças.”

Para o nosso caso, podemos definir resiliência como a capacidade de enfrentar e superar adversidades.

Acho que quem assistiu a memorável vitória de ontem associa no mesmo instante a palavra que estamos aqui repetindo.

Dallas vinha para a sexta partida da temporada, com quatro vitórias consecutivas e um desempenho promissor, mesmo na única derrota do time.

Além disso, não vencia o adversário da Nova Inglaterra desde o distante 1996 e, a partir da aquisição da franquia pela família Jones, jamais havia batido os Patriots fora de casa. No Brasil, chamamos isso de freguesia, embora no histórico geral o America´s Team ainda tivesse a vantagem.

Porém, em todos esses anos de seca, nunca um time de Dallas chegou tão favorito à vitória como no domingo. Em 2011 e 2019 ela quase veio. Ainda assim, em ambas as situações as apostas não eram tão favoráveis ao time texano.

Só que os Cowboys são um time em formação. Não falta talento, mas, em toda a equipe nesse estágio, existem momentos de instabilidade. E, nessas horas, o favoritismo é um verdadeiro veneno.

Por isso, não surpreende tanto o que se viu na partida. O time foi verdadeiramente desleixado em momentos cruciais.

Na primeira campanha, uma conversão de quarta descida não dá certo, sendo seguido de um touchdown do adversário. O pior começo possível. Já vimos esse filme antes?

Não citarei todos os lances da partida, já que você pode ver a análise completa aqui.

Mesmo assim, podemos afirmar que houve ondas e mais ondas negativas, desde a arbitragem deixando de marcar um claro touchdown para Dallas, passando por uma sucessão de erros como interceptação, fumble e drops na endzone, field goal perdido, chamadas do head coach no mínimo duvidosas, faltas, faltas e mais faltas de ataque (115 jardas de punições), até ceder uma recepção de 75 jardas e, ao final, oito pontos, num gigantesco erro de cobertura.

Nada disso impediu a vitória de Dallas, que parecia ao mesmo tempo em que implorava pela derrota desejar muito a vitória.

Uma montanha russa de emoções.

Pergunto para vocês: quantas vezes você teve vontade de desistir dessa partida?

Muitos entraram nessa vibe, exceto uma pessoa: Dak Prescott.

Se tiverem a oportunidade, olhem o replay do jogo e vejam as reações desse atleta nas adversidades. Cabeça erguida. Muito erguida.

Dak Prescott e os Cowboys nunca desistiram de vencer.

O último drive antes da prorrogação foi surreal. Quarta para quatro. Faltas. Terceira para 25 no campo de defesa! O que é isso?!?!?!

E Dak de cabeça erguida, deixando todos na sua volta sempre na esperança do melhor. Que liderança.

No momento derradeiro do jogo, o quarterback sofreu uma distensão muscular e, mesmo assim, lançou a bola em movimento para o touchdown e o walk off de CeeDee Lamb. Nada impediria a sua vontade de vencer.

Dak saiu do jogo usando uma bota ortopédica e afirmou que estará pronto para a próxima partida. Um animal.

Meus caros, quantas vezes Dallas perdeu jogos assim? Quantas vezes ganhou dessa forma?

Bom, na saída do jogo e ainda dentro do campo, o grande quarterback começou a entrevista para Tracy Wolfson da CBS dizendo o seguinte (você pode conferir aqui o vídeo):

“Podemos entrar na semana do bye com um sorriso no rosto, sabendo que somos uma equipe resiliente e que faremos tudo o que pudermos uns pelos outros”.

Poucos times conseguem vencer mesmo em situações de absoluta e constante adversidade durante uma mesma partida. Essas equipes chegam longe.

How ´Bout Them Cowboys!

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