Os preparativos do Dallas Cowboys para o complexo draft virtual de 2020
Os Cowboys estão no relógio.
Stephen Jones inicia a discussão virtual sobre quem está disponível na escolha 17 quando recebe uma ligação de outra franquia com uma oferta atraente para descer algumas picks. Jones pede a Will McClay para dar sua opinião.
O vice-presidente de player personnel de Dallas fala as primeiras três palavras em sua resposta quando sua tela Webex congela. Uma tempestade de relâmpagos atingiu o bairro onde McClay mora. A internet dele está inoperante. McClay telefona rapidamente para Jones, mas a ligação cai.
O que acontece agora?
As avaliações dos jogadores continuam sendo o ponto central. Porém, saber quantas repetições um jogador consegue no supino de 115kg e o tempo do prospecto nas 40 jardas não são mais os únicos números em discussão justamente quando a NFL proíbe formalmente que os Cowboys e as demais equipes se reúnam nas suas instalações oficiais para conduzir o draft.
Quantos megabits por segundo (mbps) o técnico Mike McCarthy tem no plano de internet do seu apartamento perto do The Star?
De quantos laptops e monitores o diretor do departamento de olheiros de jogadores oriundos da universidade Chris Hall precisa em sua casa?
Agora que os dirigentes do clube já discutiram como K’Lavon Chaisson e CJ Henderson se encaixam no esquema defensivo, qual provedor o coordenador defensivo Mike Nolan usa em sua casa e por acaso ele precisa trocar ele?
Os cálculos necessários para se preparar para este draft, que começa na noite de quinta-feira, são diferentes de todos os demais da história da liga. Enquanto parte da organização está analisando o temperamento de um prospecto em potencial, outra parte está preparando todos os detalhes do sistema para garantir que a rede de comunicações seja confiável caso algo dê errado.
No centro de tudo isso está o proprietário Jerry Jones, que muito contrariado se afastou do telefone modelo flip há alguns anos.
Deveria ser interessante.
O quadro
Um mock draft de toda a liga será realizado na segunda-feira. Todas as 32 equipes simularão uma rodada de um draft anterior, inclusive com negociações, para garantir que a tecnologia funcione e os executivos das franquias se sintam confortáveis com o processo e como enviarão as escolhas ao escritório da liga.
Não será o primeiro mock que os Cowboys fizeram. Vários ensaios foram realizados nos últimos dias para testar a tecnologia e a metodologia. Houve exercícios quase de guerra, comparáveis aos cenários onde McClay ou qualquer outra pessoa perde a conexão à Internet, para antecipar falhas e encontrar soluções.
Cada equipe pode designar até três executivos com a capacidade de enviar a seleção diretamente de suas casas, em um esforço para solucionar os problemas de comunicação que possam surgir em uma residência. Um representante do departamento de tecnologia de informação da equipe é permitido em uma dessas três casas.
Nenhum limite foi colocado no número de funcionários de equipe que podem estar remotamente conectados durante o draft. Os Cowboys não têm intenção de divulgar essas informações.
Mas há mais de 25 na equipe técnica e mais de 25 na de operações de futebol e olheiros. Coloque os membros da equipe executiva, a equipe médica e…
Bem, você terá uma ideia do tamanho da operação.
Um empreendimento massivo
Sabemos que os torcedores estão interessados em ver o que McCarthy fará em seu primeiro draft como treinador dos Cowboys.
Todavia, é possível dizer que Matthew Messick é tão importante quanto o que acontecerá nos próximos dias.
Messick é o chefe de inteligência do clube. Ele liderou um comitê de trabalho de pessoas de várias partes da organização para avaliar a tecnologia e implementar o plano de comunicação.
Etapa 1: determinar o provedor de internet de todos os funcionários que precisam fazer parte da war room virtual e qual tecnologia eles têm em suas residências. As verificações de diagnóstico são essenciais.
A pessoa deve mudar de empresa e/ou atualizar seus sistemas? É necessário adicionar roteadores ou boosters? De quantos equipamentos eles precisam em casa?
O gerente geral do Detroit Lions, Bob Quinn, descreveu seu home office para este draft aos repórteres. Há uma TV, três monitores, dois laptops, dois celulares, um telefone dedicado estritamente ao draft e o seu telefone residencial.
Nem todos que trabalham com os Cowboys precisam de tantos dispositivos. Mas alguns deles sem dúvida que sim.
E a operadora de celular de cada pessoa? Messick e seu grupo tiveram que determinar quantas pessoas estavam em redes diferentes e suas capacidades. Todos saberiam como encontrar um ponto de acesso Wi-Fi no telefone para funcionar caso tivessem problemas com a internet?
Toda pessoa que fará parte do war room virtual dos Cowboys para esse projeto tem um nível diferente de conhecimento com essas tecnologias. Diz-se que McCarthy é experiente e pode se adaptar rapidamente.
Já Jerry Jones?
Não muito.
Coro de vozes
Depois que essa estruturação foi desenvolvida, os Cowboys tiveram que determinar como coletar, apresentar e disseminar informações.
O vice-presidente executivo de Philadelphia, Howie Roseman, realizou recentemente uma teleconferência com os repórteres, dizendo-lhes como estava agradecido pela equipe da Microsoft. Ele afirmou que seu trabalho permitiu que os Eagles montassem salas diferentes, grandes e pequenas, para treinadores, instrutores, olheiros e equipe de gerenciamento.
Os Cowboys falam sobre a necessidade de existir uma árvore de informações clara. As principais vozes precisam ser ouvidas em cada discussão, mas a última coisa que o clube quer é nove cabeças em uma tela do Brady Bunch competindo para serem ouvidas e conversando entre si. Alguém precisa estar encarregado de filtrar as informações e controlar o fluxo.
O que treinador esportivo da equipe Jim Maurer tem a dizer é crítico para alguns jogadores. Em relação a outros, ele não precisa fazer parte da conversa.
O coordenador ofensivo Kellen Moore não precisa aparecer na tela enquanto os treinadores da secundária discutem os méritos de AJ Terrell, de Clemson, em relação a Trevon Diggs, de Alabama.
Faz sentido que cada prospecto do draft tenha uma lista de olheiros, treinadores e possivelmente médicos ou instrutores essenciais para serem incluídos em qualquer conversa sobre esse jogador durante o draft. Aqueles que não são essenciais permanecerão em seu grupo ou canal permanente até que sejam necessários.
Nada disso leva em consideração as ligações sobre negócios e trocas que Jerry e Stephen Jones iniciarão ou receberão ao longo dos três dias.
Lembre-se, tudo isso deve ocorrer dentro de um intervalo de 10 minutos, enquanto os Cowboys estiverem no relógio na primeira rodada. Esse período diminui para sete minutos no segundo dia (2ª e 3ª rodadas) e para cinco minutos no terceiro dia (4ª, 5ª e 6ª rodadas). Ainda no terceiro dia, a 7ª rodada tem o tempo limite de quatro minutos.
E, finalmente, caso você esteja se perguntando, não há mais de 20% de chance de chuva ou trovoadas nas redondezas de Dallas e Arlighton durante os três dias do draft.
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