OS CARAS DO DRAFT | Analisando o WR CeeDee Lamb, de Oklahoma
Vários jornalistas que cobrem o Dallas Cowboys afirmavam antes do draft que a franquia tinha interesse em fazer um movimento de grande impacto e visibilidade durante o primeiro dia do processo. E se nós fizéssemos uma previsão maluca antes do draft que Dallas conseguiria realizar esse big splash sem a necessidade de qualquer troca para subir na primeira rodada?
Pois foi exatamente o que aconteceu.
Nenhum mock draft realizado pelo front office da franquia ou por qualquer torcedor, até mesmo os mais fanáticos, poderiam prever o que ocorreu.
No primeiro dia do draft, o Time da América recrutou Ceedee Lamb, wide receiver de Oklahoma.
Lamb era quase que consensualmente considerado o melhor wide receiver de uma classe repleta de grandes jogadores, e estava em todas as big boards das principais publicações mundiais entre os dez primeiros entre todos os jogadores. Dallas o tinha como 6° melhor jogador de todo o draft.
E, como num passe de mágica, ele foi caindo, caindo, caindo até chegar na vez dos Cowboys realizarem a escolha. Então, Jerry Jones, Stephen Jones, Mike McCarthy e Will McClay entenderam que era melhor privilegiar o (disparado) melhor jogador disponível em detrimento da necessidade mais premente da franquia. Mesmo com três propostas de trocas em cima da mesa, os Cowboys colocaram o nome da joia no cartão virtual e Ceedee Lamb foi recrutado.
Porém, quem é Ceedee Lamb?
Seu nome é Cedarian Lamb. Com 21 anos recém completados (8 de abril), 90 kg e 1,88m, o wide receiver é natural de Opelousas, estado da Luisiana, e foi titular em seus três anos no College, sendo selecionado ao segundo time da “All-Big 12” em 2018 e ao primeiro time ‘’All-Big 12’’ e “Consensus All-American” em 2019.
Foi treinado nos três anos por Lincoln Riley, nome cogitado para ser o novo treinador dos Cowboys antes do anúncio da contratação de McCarthy.
No seu primeiro ano, em 2017, foi titular em 13 dos 14 jogos que participou, com 46 recepções para 807 jardas e 7 touchdowns, além da média de 17,5 jardas por recepção. No ano seguinte, foi titular em 13 jogos, com 65 passes recebidos para 1158 jardas e 11 touchdowns, com 17,8 jardas por recepção. Não bastassem esses números extraordinários, veio 2019, e ele teve o recorde de 62 recepções ara 1327 jardas e 14 touchdowns, com uma média absurda de 21,4 jardas por recepção. Sua média de jardas por captura é a mais alta da história da escola entre jogadores com pelo menos 130 recepções. Só isso? Não, em todos os anos ele também acumulou corridas e carregadas, com 78, 218 e 20 jardas respectivamente para 2017, 2018 e 2019, registrando 1 touchdown no último ano.
Um monstro!
Mas vamos a análise mais detalhada de suas características.
Pontos Positivos
O produto de Oklahoma impressiona muito, sendo um jogador absolutamente versátil e com características de elite em quase todos os aspectos do jogo.
Uma das suas habilidades que mais salta aos olhos diz respeito com a capacidade de conseguir jardas depois da recepção. Ele realmente é um atleta que sabe controlar o seu corpo durante e depois da recepção e produzir um verdadeiro estrago na defesa assim que controla a bola.
O vídeo abaixo é um exemplo claro disso.
Além disso, observamos que Lamb não possui qualquer receio ou preocupação em enfrentar as defesas inimigas assim que recebe a bola. Por vezes, parece que o atleta prefere o embate direto contra os adversários, olho no olho, tamanha a vantagem que consegue nesse aspecto. Em muitas dessas oportunidades (não todas) Lamb também estava posicionado como slot receiver.
Além de atuar de forma híbrida entre o outside e o slot, Lamb consegue obter vantagens no embate em recepções com estreita marcação e mínima separação, sendo um alvo ideal para os quarterbacks em situações em que a equipe está na redzone. Desenvolveu muito bem o controle de seu corpo em bolas disputadas, recebendo muitos passes nessas situações.
No outside, o prospecto de Oklahoma tem grande poder de improviso, típico de grandes jogadores, e é capaz de se desprender de múltiplas marcações e receber passes de extrema dificuldade, já que tem mãos muito firmes e pouquíssimos drops na carreira, sendo isso uma marca registrada. Ou seja, é uma ameaça constante.
Não bastasse seu arsenal de armas como receiver, o atleta também auxilia como bloqueador, como pode ser visto no vídeo abaixo.
Chega? Não! Quem sabe podemos adicionar um talento como lançador em tricky plays?
Se não bastasse tudo que foi dito, ele se notabilizou em recepções absurdas, desde aquelas que emulam Michael Jackson em Smoth Criminal:
Além daquelas com apenas uma mão:
Resumindo: ANIMAL!
Pontos Negativos
É preciso dizer, em primeiro lugar, que Lamb é um prospecto que precisará se adaptar à liga. Nem todos os jogadores oriundos do College conseguem desenvolver seu futebol no mundo profissional da mesma maneira como se espera. E a pressão sobre ele pode ser um fator decisivo nesse processo.
Além disso, o calouro necessitará adicionar um pouco de massa ao seu corpo para lidar melhor com a fisicalidade exigida pela NFL e que cobra tanto dos wide receivers que vem do draft, especialmente no seu primeiro ano.
Durante seu período no College, Lamb enfrentou poucas defesa que atuavam em press coverage, o que pode ser uma dificuldade para adaptação na liga.
E outro aspecto que precisa ser considerado diz respeito com a sua velocidade e poder de separação, que precisam ser melhorados e desenvolvidos, consoante se vê no vídeo abaixo.
Como se encaixa no Dallas Cowboys
Lamb era o recebedor mais completo do draft. Agora ele é de Dallas.
Mike McCarthy, Kellen Moore e seus demais treinadores terão um quebra-cabeças para colocá-lo em campo.
Podendo variar entre o slot e o outside (no seu último ano no futebol universitário, o atleta conseguiu 14 touchdowns, 7 no slot e outros 7 no outside), Lamb deverá revezar estas posições com Michael Gallup no seu primeiro ano até encontrar e desenvolver suas melhores valências em uma liga tão exigente com seus jogadores. O fato da unidade de wide receivers de Dallas ser tão talentosa certamente será um fator importante tanto para o seu amadurecimento quanto pelo fato de não receber a principal marcação da equipe adversária (ao menos não no início e nem todo o tempo).
Possuindo um teto altíssimo, há necessidade de desenvolvimento do atleta para maximinizar suas características. Só se entrega a camisa 88 dos Cowboys para um jogador que será titular e com algum impacto desde a semana 1 da NFL.
Aliás, a 88, de tão mística que é, não se trata de uma camisa para ser usada. Ela precisa ser conquistada. Vida longa a Ceedee Lamb!
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