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OPINIÃO | Não se preocupe com a posição de running back

Sim, o running back importa.

Isso é para aqueles que dizem que qualquer um consegue correr atrás da linha ofensiva de Dallas. DeMarco Murray teve muitos méritos em 2014, quando foi eleito o jogador ofensivo do ano, e quebrou o recorde de jardas terrestres da franquia em uma única temporada. Mas verdade seja dita: Ele não conseguiria isso sem a melhor linha ofensiva da NFL.

Essa mesma, que conta com 3 jogadores escolhidos na primeira rodada, sendo os 3 selecionados para o Pro Bowl e aos times de All Pro em 2014. A mesma que acabou de ficar ainda melhor, com a contratação de La’el Collins, um atleta com talento de primeira rodada, que por uma situação inesperada, acabou não sendo escolhido no Draft. Com diversos jogadores jovens e ainda em processo de evolução, e a aquisição de mais um jogador de primeira rodada, a linha ofensiva que já foi dominante no ano passado, deve ficar ainda melhor.

E é por isso que o Cowboys decidiu não escolher um running back no draft desse ano. Obviamente, se tivesse a oportunidade de selecionar um jogador da posição e que valesse a escolha, Jerry Jones o teria feito. Porém, tirando na segunda rodada, quando o Cowboys selecionou Randy Gregory, em nenhuma outra escolha havia um running back disponível que valeria a pick e acrescentaria ao time. Por conta da linha ofensiva, o Cowboys não sentiu a necessidade de dar um reach em um running back, ou então fazer uma troca grande para buscar um.

No elenco atual, Dallas conta com 4 running backs que devem dividir as corridas durante a temporada. Logo após a saída de Murray, o Cowboys assinou com Darren McFadden. O jogador selecionado na 4ª escolha geral do Draft de 2008 não tem uma média de jardas por corrida superior a 3,4 desde 2011. Mas McFadden em toda sua carreira, nunca jogou com um quarterback ou jogador de linha ofensiva que tenha ido ao Pro Bowl. E nas duas únicas temporadas que jogou em Oakland em que o time conseguiu 8 vitórias (em nenhuma outra o Raiders ganhou mais que 5 jogos), McFadden teve médias superiores a 5,2 jds por corrida, e em 2011 alcançou a marca de 1157 jardas e 7 touchdowns. 

Dallas também conta com Joseph Randle, selecionado na 5ª rodada do Draft de 2013. No ano passado, em um número limitado de corridas, apenas 51, Randle alcançou 343 jardas, com uma ótima média de 6,7 jds por corrida e 3 touchdowns. Ele ainda mostrou a paciência, visão, habilidade de fazer os cortes e explosão necessárias para correr no esquema de zone block que o Cowboys utiliza. O Cowboys ainda conta com outros dois running backs: Lance Dunbar, jogador versátil, muito bom em corridas por fora dos tackles e recebendo passes, e Ryan Williams, que ainda não teve muitas oportunidades na carreira, tendo participado de apenas 5 jogos em 4 anos, porém foi selecionado na segunda rodada do Draft de 2011 por Arizona, 33 escolhas antes de Dallas escolher DeMarco Murray.

A possibilidade de uma troca por um running back ainda não foi descartada. Esqueça Adrian Peterson. O Cowboys deve ir atrás de um jogador jovem, com potencial de evolução, que tenha um salário baixo e tenha algum histórico de produção. Com ótimo depth na linha ofensiva, algum jogador da posição pode acabar fazendo parte da troca. Ou então, uma escolha de mid rounds do Draft de 2016, que Dallas estaria disposto a trocar, já que deve receber no mínimo 3 escolhas compensatórias, por conta da perda de jogadores no período de Free Agency. 

Dallas não precisa de apenas um jogador para substituir Murray. O time vai utilizar mais de um running back para tentar igualar a produção ofensiva do time no ano passado. Isso é uma tática muito comum na NFL, que os americanos chamam de Running by Committee. Diversos times, inclusive o atual campeão do Super Bowl, se utilizam dessa tática.

Em 2009, Dallas utilizava-se desse método para correr com a bola, ano em que tinha uma linha ofensiva consideravelmente inferior a atual, e contava com Marion Barber, Felix Jones e Tashard Choice no elenco. Nenhum dos três running backs teve mais de 215 corridas ou 1000 jardas, porém, somados, ajudaram o time a ter o 7° melhor jogo terrestre da NFL e a conseguir 11 vitórias e o título da divisão. Esse estilo de correr com a bola é uma tradição em Dallas, tendo 3 ou mais jogadores com menos de 50% das corridas do time. Em 1971 e 1977, anos em que o Cowboys ganhou o Super Bowl, em uma era na qual o jogo corrido dominava, nenhum running back acumulou mais de 37% das corridas do time.

Portanto, fique tranquilo. O Cowboys não depende de apenas um jogador para substituir DeMarco Murray. E com os running backs atuais do elenco, uma possível aquisição antes da temporada, a melhor linha ofensiva da NFL e a ameaça do jogo aéreo, é mais provável que improvável que o time continue tendo sucesso correndo com a bola.

Leonardo Sangiorge

Acompanha a NFL desde 2009. Desde então, torce para o Cowboys e sofre com o time a cada jogo. Escritor das colunas Two Minute Drill e Matchups, além de participante do PodCast. Valeu?

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