Opinião

OPINIÃO | O futebol americano é movido pelo presente

A história é para ser respeitada e recordada, não vivida.

No último sábado, 01/09, um dos maiores jogadores de futebol americano de todos os tempos foi cortado pela sua franquia. Ocasionalmente isso costuma acontecer, mas alguns fatores contribuíram para que essa notícia provocasse tanta surpresa e discussão para os fãs do esporte:

A idade? 30 anos.

A posição? Kicker.

O seu nome? Dan Bailey.

Mas antes de discutirmos sobre esse fato, vamos relembrar alguns momentos importantes:

Na offseason do ano passado, o running back que mais me impactou desde que acompanho a NFL  e um dos mais importantes da história da liga — Adrian Peterson, MVP no ano de 2012 pelo Minnesota Vikings –, foi trocado pela sua franquia com o New Orleans Saints por uma escolha de 3ª rodada. Algumas semanas após o início da temporada regular, ele foi novamente objeto de troca, dessa vez com o Arizona Cardinals. Foi dispensado ao fim da mesma e atualmente integra o elenco do Washington Redskins. Curiosamente, após a saída de DeMarco Murray dos Cowboys, no ano de 2015, vários rumores diziam que o time de Dallas enviaria duas escolhas do draft seguinte, sendo uma de 1ª rodada, para receber Peterson em troca.

É super comum que esse descenso ocorra na carreira de um running back. Indiscutivelmente é a posição com menor tempo de atividade em alto nível, pelo fato de ser a que mais recebe pancadas durante os jogos, portanto, mesmo tendo sido um MVP, essa situação que envolve o antigo jogador dos Vikes não foi tão comentada quanto a atual.

Então como comparar a sua saída com a de Dan Bailey?

Isso é simples. É que ambos não vinham muito bem.

Ano passado também ocorreu algo interessante.

Um quarterback escolhido na 3ª rodada do draft de 2012 e pro bowler em 2013 foi envolvido em uma troca de rodadas e de QBs no ano de 2015. Isso ocorreu devido à sequência negativa do jogador. Em 2016, após ter a posição ameaçada por outro quarterback, escolhido na 1ª rodada, esse jogador solicitou o seu desligamento do time, que foi atendido. Daí, ele partiu para outra franquia se tornar reserva de um atleta que já fora renegado. Enfim, em 2017 o jogador foi recontratado pelo time que o havia draftado para auxiliar um calouro no seu desenvolvimento, mas acabou tendo que substituí-lo em função de uma lesão às vésperas dos playoffs. Quem esperava, portanto, que o tal time cairia absurdamente de produção após a saída do QB titular, viu o Philadelphia Eagles vencer o Super Bowl sob as mãos do tão criticado e subestimado Nick Foles.

Então os Eagles erraram ao trocá-lo com os Rams, certo?

Errado. É que, assim como Dan Bailey atualmente, ele não vinha tão bem.

Essas histórias nos permitem enxergar uma coisa: não é o passado de um jogador que determina as escolhas das comissões técnicas. Se fosse assim, Adrian Peterson continuaria nos Vikings até a sua aposentadoria e Nick Foles estaria perambulando pelos times da liga sendo visto como apenas um jogador de uma temporada. É o momento que determina tudo.

E é por isso que Dan Bailey, jogador com o segundo melhor aproveitamento de field goals na história da NFL (a frente de nomes como Stephen Gostkowski e Steven Hauschka), pro bowler e all pro em 2015, e GOAT entre os kickers dos Cowboys, foi cortado. É por isso que a sua posição foi ocupada por um jogador que atuava na liga canadense no último ano.

Desejo do fundo do meu coração que ele tenha uma linda carreira a partir de agora, seja em New York ou em qualquer outro lugar. O mais importante é que Dan Bailey jamais seja esquecido pelos torcedores dos Cowboys.

Pois são situações e histórias como essas, sempre surpreendentes, que fazem do futebol americano um esporte tão fantástico.

Ivan Cruz

Aprendeu tudo o que sabe sobre Futebol Americano através do Madden. Tem muita sorte por ter sido acolhido pelas maiores e melhores torcidas do mundo: Dallas Cowboys e Flamengo.

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