Opinião

OPINIÃO | O Fator McCarthy

Sou um grande amante das artes. Não tenho qualquer dúvida disso.

Pintura, escultura, música, arquitetura, literatura, cinema, enfim, muita coisa me fascina. William Turner, Gian Lorenzo Bernini, David Gilmour, Oscar Niemeyer, Gabriel Garcia Márquez e Stanley Kubrick estão entre os meus nomes preferidos nessas áreas.

Acredito que o esporte também é uma forma de arte. Ou vocês não concordam que a condução audaciosa de Ayrton Senna, o backhand do Gustavo Kuerten, a cabeçada de Mário Jardel (aqui o gremismo pegou) e o giro sobre o corpo de DeMarcus Lawrence, entre outros, são verdadeiras obras de arte?

Mas eu devo confessar algo ao meu atento leitor: embora já tenha visitado alguns museus de fotografia e adorar a forma como este verdadeiro artista consegue captar o momento de forma singular (e já tenha folheado algumas revistas de gosto duvidoso na adolescência), não sou capaz de citar o nome de fotógrafo algum. Uma vergonha…

E quando me deparei com a fotografia que ilustra esse texto eu notei essa verdadeira falha (quase de caráter!) da minha vida. Prometo me dedicar a esse ponto a partir de agora e não negligenciar esses artistas.

Voltando ao planeta terra, o clique magistral de um dos fotógrafos do site oficial do Dallas Cowboys (dallascowboys.com) que ilustra esse humilde artigo me chamou a atenção de um aspecto fundamental: o quanto Mike McCarthy é influente na franquia.

Nós já falamos sobre a chegada de McCarthy aqui no BlueStarBrasil.

Embora eu tenha aprovado sua contratação como o texto citado evidencia, nunca imaginei que a sua presença em Dallas fizesse tanta diferença e em tão pouco tempo. A fotografia transparece isso. Eu sei que pode ser que tivesse um mosquito na jersey de La´el Collins e McCarthy quisesse livrá-lo de uma mordida infeliz, mas simbolicamente o momento eternizado no meu olhar é uma representação de poder, com o head coach levantando uma espécie de martelo de Thor ou espada do rei Arthur. Abstratamente, é claro.

Assim como confessei antes, preciso dizer que não lembro completamente da transição Wade Phillips/Jason Garrett em 2010. Muito deve ser em razão de forma abrupta como ocorreu e pelo fato de Garrett pertencer àquela comissão técnica antes de assumir o cargo principal. E talvez porque pouca coisa mudou mesmo (a não ser a quantidade de palmas – que maldade desnecessária!).

Já com McCarthy, a situação é toda diferente. O head coach virou a mesa por aqui.

Eu não sei como foi a conversa na casa de Jerry Jones, mas certamente ele foi convencido por McCarthy de que os Cowboys precisavam mudar e pediu grande autonomia para tanto. Meses após sua chegada, essa constatação é evidente.

Estamos vivenciando uma free agency como nunca no meu tempo de torcedor. Na primeira rodada do draft foi escolhido o wide receiver CeeDee Lamb, o melhor jogador disponível e que, nem de longe, era uma necessidade para o elenco dos Cowboys. Alguém imagina as contratações de 2020 e essa escolha com a antiga comissão técnica ou estou sendo muito chato aqui?

Em temporadas anteriores os torcedores tiveram que engolir os studs, os right price guys e os jogadores de encaixe, sendo que muitos deles sequer fazem parte do elenco atual, mesmo escolhidos nas primeiras rodadas.

Veio a camisa vermelha para proteger os quarterbacks nos treinos e uma sistemática tão forte no training camp que mereceu menções de muitos jogadores nas suas entrevistas (tá certo, tem que agradar a chefia…).

O que quero dizer é que existe um fator McCarthy nesse ano. E ele é fundamental em todas as decisões nesse atual Dallas Cowboys. Isso é de claridade solar. McCarthy está na parte mais alta da cadeia de decisões, com responsabilidade profunda nas mudanças no elenco, forma de contratações e seleções, bem como administração dos treinos, entre outros.

E essa semana o fator McCarthy terá uma prova de fogo com o agora free agent Earl Thomas.

Tenho convicção que a família Jones tem grande interesse no safety Thomas. Ao mesmo tempo, há certeza absoluta que o fator McCarthy será decisivo para a sua contratação. Se o head coach não quiser o atual Thomas no seu vestiário, ele não será contratado. Se ele concordar com a presença dele, até o fim dessa semana Thomas será jogador dos Cowboys.

E um desses efeitos que o fator McCarthy trouxe à Dallas é justamente o que diz respeito aos jogadores ‘problemáticos’. À exceção do edge Aldon Smith, que se presume completamente mudado e está sob contrato de risco, não há mais esse perfil no vestiário dos Cowboys. Estamos praticamente em setembro de 2020. Vou bater na madeira antes de escrever. Bati (três vezes!). Faça isso você também antes de ler o que vou escrever adiante. Já fez? Vamos lá então. Nessa mesma época dos anos anteriores, quantos jogadores dos Cowboys estavam suspensos envolvidos em confusões ou por testar positivo para drogas recreativas?

A família Jones também recorda muito bem de Greg Hardy e do quanto ele foi capaz de implodir um vestiário. O BlueStarBrasil fez o alerta (pena que a avaliação não chegou em Arlington…).

Portanto, é o fator McCarthy que baterá o martelo nessa questão, sem qualquer contestação de sua parte técnica ou física.

Para finalizar, peço duas coisas ao meu atento leitor. Se você chegou até aqui tenho certeza que poderá me ajudar.

Primeiro, quem é o fotógrafo dessa obra de arte? Os dois mais prováveis são Jeremiah Jhass ou James D. Smith, ambos do staff do site oficial da franquia (local onde a foto foi creditada).

Segundo, você percebeu que há algo de muito estranho na fotografia? Está todo mundo prestando atenção no discurso de McCarthy, uns mais atentos, outros de cabeça baixa (cada um do seu jeito), mas há um atleta com um semblante completamente destoante dos demais. Você percebeu? Olhe ali de novo? Achou? Sim? Ele mesmo! Pergunto a você: no que estava pensando Dak Prescott durante o huddle de McCarthy? Responda aí, por favor, e mate a minha curiosidade.

Saudações e Go Cowboys.

 


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Diego Barros

Torcedor do Dallas escondido no velho oeste do Rio Grande do Sul. Veterano na torcida desde a década de 90, louco para recuperar o Lombardi.

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