OPINIÃO | É possível renovar com todos os jogadores sem comprometer o salary cap?
Não é sobre o Training Camp. Não é sobre a derrota para o 49ers. Não é sobre a próxima partida da pré-temporada contra o Los Angeles Rams. Se o torcedor do Dallas Cowboys pudesse fazer uma pergunta para o Jerry Jones, ela com certeza envolveria a situação contratual de algum titular do time.
Como toda situação na vida, há sempre um lado bom e um lado ruim. Devido ao fato do Dallas Cowboys ter feito um ótimo Draft nos anos de 2015 e 2016, a conta chegaria em algum momento. Obviamente, o momento chegou.
Para 2020, o Dallas Cowboys tem os seguintes jogadores que foram draftados nesses dois anos sem contrato: Dak Prescott, La’el Collins, Amari Cooper, Byron Jones, Jaylon Smith, Anthony Brown e Maliek Collins. Além deles, Ezekiel Elliott está fazendo uma greve para pressionar a diretoria a ter seu salário renovado, enquanto jogadores menos badalados como Antwaun Woods, Blake Jarwin e Jeff Heath também vão querer buscar seu lugar ao sol.
Mas afinal, é possível renovar com todos eles?
A princípio, parece que não. Entretanto, a resposta pode muito bem ser sim.
Jogadores como La’el Collins, Anthony Brown e Maliek Collins, por não serem grandes estrelas do time, deverão sair muito mais por opção do time em não querer renovar seus contratos do que simplesmente por não poder. Se pegarmos o Draft de 2019, veremos que o time já buscou uma solução a médio prazo para a saída dos três, com as escolhas de Connor McGovern, Michael Jackson e Trysten Hill, respectivamente.
Dos jogadores mais importantes, o que menos preocupa é Jaylon Smith. Por ter perdido toda sua temporada de calouro, ao fim dessa temporada ele será o que chamamos de Free Agent Restrito — você pode entender melhor esse conceito clicando aqui. Dessa forma, é praticamente garantido que seu contrato seja extendido até o fim da temporada de 2020.
A partir disso, vamos para os cálculos. O Dallas Cowboys tem por volta de 22 milhões de dólares de espaço na folha salarial desse ano, US$65 milhões em 2020 e US$158 milhões em 2021. Considerando as estimativas do site Spotrac e as notícias divulgadas na imprensa americana, é possível que os seguintes jogadores recebam estes valores anuais:
- Dak Prescott: 32 a 35 milhões anuais
- Amari Cooper: 16 a 18 milhões anuais
- Ezekiel Elliott: 13 a 15 milhões anuais
- Byron Jones: 12 a 15 milhões anuais
- Jaylon Smith: 11 a 13 milhões anuais
Por ser o maior contrato, vamos tratar de Dak Prescott aqui. E calma, esquece a história de que ele pediu os 40 milhões de dólares. Sua própria assessoria de imprensa negou isso e, mesmo que seja verdade, é comum se pedir mais para que haja margem de negociação e o acordo feche em um valor próximo ao que ele queria inicialmente.
Na NFL, o contrato se divide em duas partes: a parte garantida e a parte não garantida do contrato. Considerando o salary cap, quanto maior for a parte garantida do jogador naquele ano do contrato, mais seu salário pesará para a folha. Ou seja: é tudo uma questão de arrumar como será dividido o valor garantido do contrato.
Vamos considerar que Dak Prescott renove por mais quatro anos e com salário de 35 milhões anuais. Considerando o último ano de contrato de calouro, seu salário ficaria assim:
- 2019: US$0,6M
- 2020: US$35M
- 2021: US$35M
- 2022: US$35M
- 2023: US$35M
No entanto, há umas estratégias que o Dallas Cowboys pode fazer. A primeira delas é antecipar parte do valor garantido para o ano atual, diminuindo o impacto dos anos seguintes. Veja a situação caso o Dallas Cowboys antecipe 15 milhões de dólares garantidos para o último ano de calouro do Dak Prescott:
- 2019: US$15,6M ↑
- 2020: US$31,25M ↓
- 2021: US$31,25M ↓
- 2022: US$31,25M ↓
- 2023: US$31,25M ↓
Em outras palavras, um contrato que tinha média anual de 35 milhões de dólares caiu para 31,25 milhões. Se pegarmos a visão de geral, Dak renovou por quatro anos e 140 milhões (média de 35 milhões) mas o seu contrato ficaria como cinco anos e 140,6 milhões, média de 28 milhões por ano. Essa estratégia foi usada pelo New England Patriots e pelo Philadelphia Eagles ao renovarem com Tom Brady e Carson Wentz, respectivamente.
Além disso, há a possibilidade de fazer o contrato do jogador pesar mais no começo e aliviar os últimos anos. Exemplo:
- 2019: US$0,6M
- 2020: US$45M
- 2021: US$40M
- 2022: US$30M
- 2023: US$25M
Ao jogar parte do garantido para 2019, a situação ficaria ainda mais confortável:
- 2019: US$15,6M
- 2020: US$40M
- 2021: US$35M
- 2022: US$25M
- 2023: US$25M
Reparem como a soma total continua dando o mesmo valor, mas a forma como o salário foi alocado ao longo dos anos se alterou. Ao fazer isso, o Dallas Cowboys alivia a folha a partir de 2022, quando outros contratos mais altos começarão a pesar na folha salarial, como do Amari Cooper e Ezekiel Elliott.
Como o contrato do Zeke vai até 2020, seu novo contrato só começaria a contar a partir de 2021. Renovando seu contrato, o Dallas Cowboys poderia ou fazer o mesmo que citamos com o Dak, antecipando valores para os anos que ele ainda tem contrato, ou aproveitar e empurrar a maior parte do valor para o final, combinando com um contrato front loaded, isto é, com a maior parte do valor garantido no começo, do Dak e Cooper.
Se o Dallas Cowboys renovar com os três combinando essas variações na modelagem dos contratos para que nenhum deles pese ao mesmo tempo na folha salarial, o time consegue as renovações pelos valores que os jogadores desejam e ainda sobra espaço para outras renovações, como a do Jaylon Smith e até a do Byron Jones.
Para que isso aconteça, basta a diretoria do Dallas Cowboys querer. Há espaço na folha salarial o suficiente para comportar os novos contratos, desde que de forma equilibrada. Como o Time da América não fecha um contrato ruim desde a renovação de Tyrone Crawford, antes da temporada de 2015, podemos dar à eles um voto de confiança.
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