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OPINIÃO | A vida derrubou; La’El levantou

Dois de março, 13h44, Mike Mayock posta no NFL.com um ranking dos melhores jogadores do draft por posição. La’El Collins está no topo dos Offensive Tackles.

Daniel Jeremiah, analista do NFL.com, projeta Collins sendo selecionado na 13a escolha e indo para New Orleans, no dia 20 de abril.

Dez dias mais tarde, a mídia noticia: “La’El Collins não participará do 2015 NFL Draft para responder perguntas da polícia sobre o assassinado de sua ex-namorada”.

Durante 21 anos, La’El treinou para ser escolhido no draft. Mas, dia 30 de abril, seu sonho começou a desaparecer. Boatos sobre times tirando Collins do board começaram a surgir.

Tradução: “Mayock disse após falar com os times, La’el Collins está completamente fora de vários boards até sua situação ser resolvida oficialmente”

Desde pequeno, ele nunca teve um time da NFL. Sempre disse que torceria para aquela franquia que o desse a primeira chance.

La’El lidou com a maior adversidade da sua vida com sabedoria. Voltou para Lousiana para responder todas e quaisquer perguntas de um assassinato que – preste bem atenção! – nem  suspeito ele era.

Quinta-feira. Primeiro dia do draft acabou. La’El Collins não foi um dos nomes chamados. O jogador pede para se retirar do draft, mas a NFL nega o pedido.

Sexta-feira. Antes do começo do segundo dia, os agentes de Collins afirmam que o jogador não assinará contrato com nenhum time caso ele não seja draftado na segunda ou terceira rodada. Ele não foi.

Sábado. Mais quatro rounds pela frente. Mais uma decepção.

La’El Collins levará para sempre o rótulo escrito, com letras maiúsculas, UNDRAFTED. Porém, undrafted players tem uma opção que nenhum jogador escolhido tem: a chance de jogar pelo time que ele quiser.

Kurt Warner, undrafted e jogador do Hall da Fama, sempre disse que “não importa em que round você é escolhido; importa para onde você vai”. La’El decidiu – uma semana depois do dia que ele deveria ter ouvido seu nome chamado por Roger Goodell – ser um Cowboy.

“Onde mais eu gostaria de estar? Nenhum outro lugar”, afirmou Collins.

Durante toda a sua entrevista coletiva, o ex-aluno de LSU focou no jogo e em como animado está por fazer parte da “melhor linha ofensiva”. Quando questionado sobre dinheiro, ele afirmou que pensou sobre perder milhões de dólares, mas que ele está ganhando – para fazer o que ele sempre sonhou – muito mais do que ele ganhava na faculdade. Risos.

Embora sua coletiva tenha sido impressionante, Jason Garrett foi o mais vocal ao falar sobre vida.

Durante a semana passada inteira, a vida foi dura com La’El. Ela tirou o maior sonho de sua vida. Mas o trabalho do passado nunca é esquecido.

Como diria Eric Taylor, do seriado Friday Night Lights, “Clear eyes, full hearts, can’t lose”. E La’El é a prova disso. Ele não perdeu. Viveu sua vida com clareza e treinou com todo o seu coração.

E, por favor, nem por um segundo tente conectar La’El com Greg Hardy. Hardy é um merda que não merece estar onde está. La’El nunca foi suspeito de uma investigação de assassinato.

Sim, ele perdeu milhões de dólares. Entretanto, ganhou o prazer de fazer parte da melhor linha ofensiva da NFL. Talvez de todos os tempos.

Rafa Yamamoto

Dono do posto de editor mais bonito do Blue Star Brasil, Rafa Yamamoto é redator e apresenta o Podcast.

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