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OPINIÃO | A punição certa; o cara errado

“Eu menti por grande parte da minha vida. Eu tomei decisões egoístas e comecei a abusar de mulheres quando tinha 7 anos para me sentir bem. Eu objetifiquei mulheres e nunca me preocupei se eu as machucava. Minha habilidade de se conectar emocionalmente com outras pessoas era zero. Meu nível de empatia era zero”, confessou Ezekiel Elliott.

Não, calma. Zueira. Isso foi o Josh Brown, kicker do NY Giants, quem falou. Ele foi suspenso por seis (S-E-I-S) jogos. Mas essa suspensão só durou até ele apelar e a NFL resolver diminuir para um (1, uno, one).

Há algumas semanas, vem se falando que a suspensão do Zeke seria por causa de vários fatores: St Patrick’s Day, a briga no bar e a violência doméstica.

O St Patrick’s Day, caso vocês se lembrem, foi bem comentado. Zeke abaixou o decote de uma moça, durante a festa, e mostrou os peitos dela. Isso é bad.

A briga no bar não foi nem investigada pela polícia, e todos disseram que não tinha sido Zeke quem deu o soco no indíviduo.

Assim como ninguém disse, além da ex-namorada, Tiffany, que o running back bateu nela. Na verdade, Ayrin, amiga de Tiffany, confessou que recebeu mensagens da menina para que ela dissesse à polícia que “Ezekiel a tirou do carro e bateu nela”, mas, de acordo com o que a polícia reportou, Ayria negou o ocorrido.

Esse caso não foi a lugar nenhum. Nenhum caso foi a lugar nenhum.

A NFL alega que, mesmo sem ter sido condenado, Elliott violou alguns termos do código de conduta. A Liga vai além e diz que a suspensão é baseada somente no evento do dia 22 de julho de 2016, quando Tiffany o acusou de abusá-la. Se fosse a junção de todos os fatores, talvez, eu até entendesse melhor (embora não tenha o que acusá-lo). Mas não é. E isso é ridículo.

Como o HALL OF FAMER Jerry Jones sempre diz, Zeke é um rockstar, onde ele for, ele vai chamar a atenção, ele sempre está no spotlight. É esse o peso de jogar pelos Cowboys.

Se tivesse qualquer prova que levasse a condenação de Zeke, eu seria o primeiro – como vocês bem sabem – a pedir uma suspensão extensiva e, talvez, até um ban dele na NFL. Violência doméstica tem, sim, que ser levada a seria.

O grande problema dessa investigação é tudo foi julgado baseado em rumores. E a grande piada é que a NFL queria que Zeke provasse que não era culpado, ao invés de tentar provar que ele era culpado.

“[…]As evidências fotográficas e medicas dos forenses mostra diversos elementos críticos das acusações em relação à causa dos seus [Tiffany] machucados. É também importante citar que, embora isso contradiga evidências de testemunhas sobre a natureza das conversas, não há dúvidas de que você e a Sra Thompson estavam juntos no mesmo lugar e na data especificada, e não há evidencias que sugerem que qualquer outra pessoa possa ter causado os machucados”. (Você pode ler todo o documento nesse link).

Para bom entendedor, como já dizia minha avó Marilene, meia palavra basta. A NFL nunca – repito: nunca – provou que Zeke tenha batido na ex-namorada. A NFL assumiu, já que não “não há evidências” de que ele era a única pessoa no local, que Zeke foi o culpado.

Lembrando que um dos princípios básicos do direito é que todos são inocentes até que seja provado o contrário. Mas isso parece não se aplicar à NFL, que gosta de conduzir suas próprias investigações.

Eu, particularmente, ao ler a notícia, fiquei tão frustrado quanto o “furioso” Jerry Jones. Há quem acredite que isso possa custar o emprego do Roger Goodell, comissário da NFL. Depois de errar tanto em algumas punições, o caso do Zeke pode ser seu Watergate.

Como eu comentei anteriormente, se ele realmente é culpado e seja provado, quero uma punição até maior para ele; caso contrário, isso é demagogia.

Talvez – só talvez – a NFL comece a suspender jogadores que não cumpriram a cartilha de procedimentos de jogadores e aqueles que já, abertamente, ou condenados pela justiça americana; e, com os inocentes, pare de criar intriga e tentar mandar uma mensagem para o resto da Liga tomando uma estrela como bode expiatório.

Quando ela, finalmente, pegou mais pesado num caso de violência doméstica; só falta acertar o culpado.

Rafa Yamamoto

Dono do posto de editor mais bonito do Blue Star Brasil, Rafa Yamamoto é redator e apresenta o Podcast.

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