Quando se vence 13 dos 15 jogos significativos de uma temporada regular e se consegue a melhor campanha da conferência, com o caminho todo dos playoffs passando por seu estádio, as expectativas tornam-se altas. Você tem duas opções: Super Bowl ou fracasso. Com a derrota, vem o sentimento de dever não cumprido. De luta não terminada. Quanto maior você é, maior será sua queda. Maior será seu fracasso. Mais tempo irá demorar para você superar o sabor da derrota. Maiores serão as criticas e os questionamentos. Foi assim em 2007. Esse ano não está sendo diferente.
Para mim, demorou pouco mais de uma semana para ter forças para escrever esse texto. A derrota de Green Bay nesse último domingo ajudou, confesso. Penso nele desde que as lágrimas cessaram pouco após o field goal de Mason Crosby, e a ficha de que tudo acabou mais uma vez caiu. Não é fácil superar essa derrota. Ainda mais em uma situação como essa, em que é difícil achar um culpado. O time fez uma boa atuação, principalmente após a metade do segundo quarto. Conseguimos o empate a trinta e cinco segundos do fim, após estar perdendo por 18 pontos. Um sack e uma 3rd & 20 a treze segundos de uma possível prorrogação. Mas Aaron Rodgers, mais uma vez, fez o impossível. Um passe que apenas ele, entre todos os ótimos quarterbacks da NFL, tem capacidade de completar. E ele o fez.
Mais uma derrota, e de novo para o mesmo adversário. Talvez isso aumente a dor. Também a maneira como aconteceu, mais uma vez nos momentos derradeiros da partida, em que o sentimento de que poderíamos ter vencido foi grande. E de novo, a comemoração, instantes antes de ver tudo indo por água a baixo. Mais uma temporada, mais um ano perdido.
O sentimento esse ano, porém, é diferente. Muitos que me conhecem, dizem que sou pessimista. Discordo.
Otimista? Com certeza não!
Mas esse ano, diferentemente de 2014, ou então das 3 derrotas consecutivas na última semana da temporada entre 2011 e 2013, conseguimos ver um futuro para a franquia. Finalmente estamos na direção certa. Há quantos anos não ouvimos que a janela está fechando? Que existia um espaço de mais dois ou três anos para se ganhar um título? Pois bem. Agora, a janela está mais aberta do que nunca.
É claro que a janela muito provavelmente se fechou para Tony Romo. Infelizmente, um dos maiores jogadores da franquia, e com certeza meu jogador favorito e maior ídolo, sairá de Dallas sem um anel. Ninguém nesse mundo está mais decepcionado por isso do que ele. De não ter dado essa alegria para a cidade e a legião de fãs que o acolheu ao longo desses anos. Mas da maneira mais inesperada, e de certa forma contando muito com a sorte, Dallas achou seu sucessor. Na centésima trigésima quinta escolha do draft, em uma pick compensatória, após tentar trocas para escolher Paxton Lynch e Connor Cook na primeira e quarta rodada, respectivamente, o Cowboys selecionou Dak Prescott. E isso mudou o curso da franquia para a próxima década.
Junto com Ezekiel Elliott, Prescott dá ao Cowboys a chance de disputar títulos pelos próximos 10 anos. Com uma ótima linha ofensiva à sua frente, e Dez Bryant ainda com muitos anos jogando em alto nível, Dallas tem o núcleo formado para ir em busca do sexto Troféu Lombardi. Seria ótimo ver Jason Witten ganhando um Super Bowl em Dallas, algo que não foi possível para os outros dois melhores jogadores da franquia nos anos 2000, Romo e DeMarcus Ware. E ele terá essa chance ainda nos próximos anos.
É lógico que o time ainda precisa melhorar, começando pela renovação de alguns contratos que terminaram esse ano. A defesa ainda precisa de algumas peças, principalmente na linha defensiva, e dependendo de algumas saídas, na secundária também. Mas a possível volta de Jaylon Smith aos gramados, para fazer dupla com Sean Lee, as outras boas escolhas do time no draft de 2016, como Maliek Collins e Anthony Brown, e alguns jogadores em ascensão como Byron Jones e David Irving podem fazer a unidade ser ainda melhor em 2017. Diferentemente de 2014, quando DeMarco Muray e Dez Bryant teriam seus contratos encerrados, Dallas não tem nenhum jogador fundamental se tornando free agent.
Obviamente é difícil superar a dor da derrota. Essa temporada, as expectativas eram altas e o time era capaz de chegar ao Super Bowl. Ainda mais após ter vencido dois dos quatro times que chegaram ás finais de conferência durante a temporada regular. Mas apesar do fracasso em 2017, o futuro parece promissor. Até para os mais pessimistas. Finalmente podemos dizer:
A janela está aberta!