Opinião

O retorno da fé

Não sou religioso.

Na verdade fiz primeira comunhão, mas nunca fui muito ligado na coisa. Os únicos deuses em quem acreditei durante minha infância/adolescência foram os famosos DEUSES DO FUTEBOL.

Já rezei muito para eles durante Campeonatos Brasileiros e em partidas de Libertadores. Algumas vezes, fui atendido. Outras vezes, não. Depois de um tempo, percebi que não tem muito a ver com o pessoal lá de cima, mas sim com os onze que estão lá embaixo correndo atrás da bola. Como resultado, voltei a ficar cético em relação a entidades míticas esportivas.

Até hoje.

O Dallas Cowboys me fez voltar acender vela e colocar em cima da geladeira. Me fez pedir uma vitória nessa partida contra o Los Angeles Rams válida pelos playoffs de divisão. Nem sei ao certo se existem deuses no futebol americano, mas hoje não teve jeito. Tive fé novamente, mesmo depois de ter sido maltratado durante tanto tempo.

Sou torcedor do Time da América desde a época que um dólar valia um real (acredite, isso já ocorreu). Comecei a torcer em 1996 e não dei sorte. Desde então, nada. Só sofrimentos, jogos perdidos no fim, erros bestas, defesas horríveis, linhas ofensivas fracas, juízes apitando contra nós e os rivais levando Super Bowls. Toda temporada eu tive fé e acreditei. E sempre quebrei a cara.

Nas raras vezes que chegamos aos playoffs, eu tive mais fé do que nunca e fiz preces. Claro, nunca atendidas. Em 2006/07, não acreditava que o pessoal lá de cima pudesse ter deixado a sensação Tony Romo pudesse ter deixado a bola escapar durante o field goal da vitória. Em 2007/08, fiquei realmente revoltado com a queda de ritmo da equipe e a enormidade de faltas que a linha ofensiva cometeu contra o rival New York Giants.  Em 2009/10, até fiquei feliz com a sapatada que demos no Eagles no wild card. Por alguns instantes, achei que minhas preces fossem funcionar. Ledo engano. Na semana seguinte, tomamos a sapatada do Vikings, sendo anulados pela boa defesa do time roxo.

A pá de cal na minha fé veio 5 anos depois, naquela partida contra o Packers. Ali era o nosso ano. Maldito juiz. Dez caught it.  Não adiantava mais pedir nada. Se existe alguma entidade divina do futebol americano, ela não gosta do Dallas Cowboys. Ou melhor, ODEIA. Naquele momento, passei a adotar as palavras de Dante Aligheri no livro “A Divina Comédia” no que diz respeito a Dallas Cowboys em partidas de playoffs:

“Deixai aqui toda esperança, vós que entrais”.

Até tive esperanças em 2016/17 com Dak Prescott e Ezekiel Elliott. Mas ela foi pro ralo depois que Aaron Rodgers acertou aquele passe inexplicável no fim e os 350 chutes pra mais de 50 jardas que Mason Crosby acertou para ganhar o jogo. Malditos deuses do futebol americano.

Nessa temporada, não tive um pingo de esperança e fé. Achei que voltaríamos ao caminho de oito vitórias e oito derrotas. Mas alguns acontecimentos voltaram a me animar. Defesa, chegada de Amari Cooper, vitória sobre o Saints, Dak Prescott sendo decisivo no fim, Ezekiel Elliott correndo como nunca…

Dá pra ganhar.  Temos time pra isso. Mas por favor, pessoal aí de cima:

NOS AJUDEM UMA VEZ NA VIDA! Não merecemos quebrar a cara nos playoffs de divisão novamente. Façam com que os Rams errem field goals, sofram fumbles, tenham touchdowns anulados por conta de faltas. Por favor, iluminem os juízes e façam com que eles não interfiram na partida. Nada de lesões. Vocês já nos prejudicaram muito. É hora de compensar.

Deixem-nos chegar até a final da NFC. Os fanáticos do time de maior torcida nos Estados Unidos merecem serem felizes novamente.

Prometo que não peço mais nada. Pelo menos até semana que vem, se ganharmos…

Rafael Freitas

Fã do Dallas Cowboys desde 1996, sonha em ver o time de volta ao Super Bowl. Mais novo integrante do Blue Star Brasil

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