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O homem mais rápido do mundo: A lenda de “Bullet” Bob Hayes

Quando Jason Witten conseguiu seu touchdown, pouco antes do intervalo no jogo da semana passada, foi mostrado na transmissão americana, um ranking onde era possível ver a posição de Witten na história do time em touchdowns recebidos. Foi o 70º touchdown na história do tight end. Caso o veterano de 16 anos consiga mais um touchdown no jogo de domingo contra os Dolphins, Witten passará para o segundo lugar no ranking de todos os tempos da franquia nessa categoria.

O jogador que atualmente detém a 2ª colocação com 71 touchdowns, tem uma das histórias mais fascinantes em uma equipe que contém muitas histórias como é os Cowboys. Qualquer fã que já esteve em um jogo dos Cowboys em sua casa, viu seu nome no Ring of Honor do estádio. Faça uma viagem a Canton e lá está o busto dele no Hall da Fama do Pro Football. Era ele que usava a icônica camisa de numero 22 antes de um tal Emmitt Smith. Mas é seu apelido – e a maneira como ele literalmente mudou o esporte – que perduram até hoje, sendo essa a sua lenda.

O velho Witten – que nunca foi o mais veloz e agora com 37 anos – está prestes a alcançar, de maneira um tanto improvável, o ser humano mais rápido do mundo.

Bob Hayes jogou como running back na Florida A&M University no início dos anos 60. Ele jogou futebol americano no ensino médio e, de fato, frequentou a FAMU com uma bolsa de futebol americano. Mas foi no atletismo que Hayes se tornou um nome conhecido. Ele quebrou recordes. Recordes Mundiais. Todos eles. Isso foi em uma época antes dos tempos das 40 jardas serem arquivados para a posteridade, por isso é difícil comparar Hayes de verdade com as lendas mais recentes da liga, como Bo Jackson, Darrell Green, Deion Sanders ou Devin Hester. Nos dias que antecederam o tempo automático, quando caras com cronômetros manuais determinavam notas oficiais, Hayes costumava fazer o inimaginável. Sessenta jardas em 5,28 segundos … em uma pista de concreto. Cem jardas em 9,1 segundos. Um tempo de 220 jardas de 20,6 segundos, enquanto enfrentava um vento de frente de 12 km/h. Uma vez, ele fez um quarto de milha(400 metros) a pedido do treinador no momento; ele terminou 48,6 segundos depois.

Apesar de nem sequer poder competir contra algumas escolas não integradas da época, Hayes foi escolhido para representar os Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Verão de 1964, em Tóquio. Ele foi considerado tão vital para as esperanças de medalha da equipe dos EUA que, quando seu treinador relutou em dar a Hayes um tempo fora do campo, para treinar para a corrida, o presidente Lyndon B. Johnson fez um telefonema pessoal para Tallahassee na Flórida para intervir.

Em Tóquio, Hayes fez história. Ele começou vencendo os 100 metros rasos e ainda por cima empatando o recorde mundial na época. Isso, em uma raia 1 que estava bem acabada, por ter acontecido uma outra prova de 20km um dia antes. Além disso, ele usou sapatilhas emprestadas. Mas seu verdadeiro momento de coroação veio em seu próximo evento.

A equipe dos EUA estava em quinto lugar no revezamento 4×100 metros; Hayes era a âncora. Quando ele pegou o bastão, Hayes estava dois metros atrás. Quando ele cruzou a linha de chegada, estava mais de três metros à frente de todos os outros. Ele correu seus 100 metros em 8,6 segundos, até hoje o tempo mais rápido de todos os tempos na perna que ele correu. Trinta e oito anos após o fato, o New York Times referiu-se à corrida de Hayes como “talvez os 100 metros mais memoráveis ​​da história do atletismo”. A âncora da equipe francesa, falando para o líder da equipe americana, supostamente disse: “Você não tem nada, exceto Hayes.” A resposta do americano? “É tudo o que precisamos, amigo.”

O Dallas Cowboys arriscou que o campeão olímpico pudesse dar um impulso à sua jovem equipe. Eles haviam terminado com um recorde 4-10 no ano anterior e escolheram Hayes na sétima rodada do draft de 1964, uma escolha futura, que dava a oportunidade de já escolher Hayes, mesmo antes de seus anos obrigatórios na faculdade terminassem. (Os Cowboys escolheram Roger Staubach no mesmo draft, sabendo que ele teria que cumprir suas obrigações para com a Marinha antes de ingressar na equipe. Esperar pacientemente pela escolha de drafts era uma coisa normal naquela época.)

O astro das pistas, que já havia sido apelidado de “O homem mais rápido do mundo” e “Bullet Bob”, se adaptou rapidamente ao seu papel como recebedor na NFL. Seus companheiros de equipe em Dallas, tiveram uma prévia durante o training camp do que estava prestes a ser mostrado para o resto da liga. “Era como se ele estivesse derretendo, ele era tão rápido”, disse o também recebedor, Frank Clarke, de acordo com uma matéria da ESPN de 2002. “Assustador”, disse Gil Brandt, diretor de pessoal de jogadores dos Cowboys na época. “A velocidade que ele tinha era … bem, francamente, era inacreditável.”

O futebol profissional, como todas as competições anteriores que Hayes participou, teve que se esforçar apenas para acompanha-lo. A cobertura da zona foi, em essência, inventada por necessidade. Como nenhum jogador individual conseguia acompanhar o ritmo, a zona era a única esperança que as equipes adversárias tinham no combate à velocidade sobrenatural de Hayes. (Antes que Hayes aparecesse, toda a defesa de passe era de homem para homem.) A técnica de bater e correr? Isso também foi criado na tentativa de dar aos defensives backs a chance de diminuir a velocidade de Hayes antes que ele pudesse dar um passo.

“Ele mudou o jogo por causa de sua velocidade”, disse o lendário técnico Don Shula para o site dos Cowboys. “Ele não era apenas o ser humano mais rápido do mundo, era um grande atleta e grande jogador de futebol americano. Junte isso e ele fez você mudar tudo em sua defesa quando jogou no Cowboys”.

Apesar dessas contra medidas extremas, Hayes ainda incendiava a liga no começo da carreira. Ele liderou a NFL em touchdowns nas duas primeiras temporadas, acumulando mais de 1.000 jardas em 1965 e 1966 (em apenas 13 e 14 jogos, respectivamente). Durante suas dez temporadas em Dallas, Hayes foi nomeado para três Pro Bowls. E ele terminou com 71 touchdowns, um recorde que perdurou até 2017, quando Dez Bryant superou a lenda.

“Bullet Bob” representava uma ameaça de home run toda vez que ele tocava na bola. Esses 71 touchdowns? Eles vieram em apenas 365 recepções na carreira com o time. Pense nisso: Hayes terminou na end zone praticamente em 1 a cada 5 recepções. Ao longo de uma carreira de dez anos. Por outro lado, Bryant precisou de 166 recepções a mais para obter apenas dois touchdowns extras. Atualmente, Witten tem 1.159 recepções (mais do que o triplo do total de Hayes), com seus 70 touchdowns, uma taxa de touchdown de 6%.

Hayes estava com o time em vários momentos marcantes dos Cowboys. Ele estava no jogo original da tundra congelada, no Ice Bowl de 1967 no Lambeau Field; desatentamente, ele avisou os defensores dos Packers sobre qual jogada iria acontecer, pois notaram Hayes enfiando as mãos nas calças para se aquecer nas jogadas de corrida. Hayes jogou nas duas primeiras participações dos Cowboys no Super Bowl e conquistou um anel com a equipe na vitória do Super Bowl VI sobre Miami. Até hoje, Hayes é a única pessoa a ganhar uma medalha de ouro olímpica e um anel do Super Bowl. Não só isso, atualmente Bob detêm 10 recordes em temporada regular sobre recepções, 4 recordes de retorno de punt e mais outros 22 recordes gerais na história do time.

O período de Hayes nos Cowboys terminou com uma troca pouco antes da temporada de 1975 (ele jogou quatro jogos com San Francisco antes de ser dispensado) e saiu com uma média insana de 20,0 jardas por recepção, ainda um recorde da franquia (6º melhor marca da história da liga em média de jardas recebidas). A Cowboys Wire recentemente classificou Hayes em 13º lugar na lista dos 100 maiores Cowboys de todos os tempos. Ele foi introduzido no Ring of Honor dos Cowboys em 2001, em uma cerimônia emocionante poucos dias após o 11 de setembro. Hayes morreu em 18 de setembro de 2002, após combater o câncer de próstata e várias doenças cardíacas e renais. Ele tinha 59 anos. Em 2009, Hayes foi selecionado para entrar no Hall da Fama do Pro Football.

“Ele redefiniu o que era a posição”, disse Mike Ditka, ex-companheiro de equipe do Cowboys e técnico da NFL.

Muito poucos jogadores alcançaram ‘Bullet Bob’ Hayes. Jason Witten fará exatamente isso com seu próximo touchdown. Depois disso, ele pegará o bastão do grande astro das pistas que virou um Cowboys, responsável por uma das mais notáveis ​​e influentes carreiras que o futebol profissional já viu.

 


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Fonte
Cowboyswire

Vinicius Iori

Desde 2006 acompanhando esse time e desde 2017 compartilhando o máximo de informações sobre o Time da América.

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