DraftOpinião

Há chances do Dallas Cowboys escolher na primeira rodada?

O draft 2019 da NFL está chegando e, como quase todos sabem, os Cowboys não possuem escolha na primeira rodada em 2019, tudo em razão da troca que realizaram com os Raiders pelo wide receiver Amari Cooper.

Então, pela ordem oficial da liga, a primeira vez que o Dallas Cowboys estará no relógio será no segundo dia com a escolha de número 58.

Neste momento, sempre surge uma dúvida: poderia Dallas subir para a primeira rodada?

Há várias perspectivas de analisar este questionamento.

Em relação à possibilidade, a resposta é facilmente positiva. É evidente que o Dallas Cowboys pode subir para a primeira rodada. Ao mesmo tempo, também é tranquilo dizer que é claro que isso não sairá barato.

No sistema da NFL, a aquisição de uma escolha de draft que a equipe não possui originalmente se dá através de uma troca. Ou a troca envolve um jogador do elenco (como foi o caso de Amari Cooper) ou ela envolve escolhas no draft, deste ou de anos seguintes.

A respeito desta última forma de troca, Jimmy Johnson, ex-técnico histórico dos Cowboys, criou um modelo de avaliação das escolhas, instituindo um número que expressasse o quanto vale cada uma delas. O site drafttek.com fez uma tabela com base neste modelo para o draft desta temporada. Você pode conferir aqui (com as escolhas do Dallas Cowboys identificadas em amarelo).

Evidentemente que esse sistema é de critério absolutamente objetivo e não leva em consideração o jogador que estiver à disposição naquele instante no draft e a necessidade e momento das franquias envolvidas. Porém, é um dos mais clássicos modelos utilizados pelas equipes e mídia especializada para avaliar o custo de uma troca.

Por exemplo, a primeira escolha do primeiro round tem o valor de 3000 pontos. A segunda escolha do primeiro round é avaliada em 2600. E assim vai. A 58ª escolha, já no segundo round, que será a primeira vez que Dallas será chamado ao relógio (se seguir o que atualmente possui), vale 320 pontos. A nossa escolha da sétima rodada (241ª) vale 1 ponto.

Outra consideração importantíssima diz respeito com escolhas futuras. Dar em troca uma escolha do ano seguinte tem um valor bastante inferior a uma escolha do ano em curso, normalmente com uma rodada de diferença. Isto significa que oferecer uma escolha de primeira rodada do draft de 2020 possui um valor equivalente a uma escolha de segunda rodada do draft de 2019. Por este raciocínio, nossa primeira escolha de 2020 tem o valor de 320 pontos.

Então, rumemos para um fator que complementa o critério da possibilidade, que é a probabilidade.

É provável que o Dallas Cowboys faça uma troca para escolher na primeira rodada?

De bate pronto, a resposta é negativa.

A menos que o front office dos Cowboys esteja completamente apaixonado por um atleta ainda disponível no draft ou que alguma equipe ofereça uma escolha de primeira rodada por algum jogador do elenco de Dallas (e que Jerry Jones queira trocá-lo), escolher no primeiro dia não passa de um sonho distante.

Vejam, de acordo com o critério de avaliação de Jimmy Johnson, mesmo se o Dallas Cowboys oferecesse todas as escolhas de 2019 não conseguiria subir para a primeira rodada. Melhor explicando, se somarmos a escolha 58 (2ª rodada de 2019 – avaliada em 320 pontos), a 90 (terceira rodada – avaliada em 140 pontos), a 128 (quarta rodada – avaliada em 44 pontos), a 136 (quarta rodada – avaliada em 37.5 pontos), a 165 (quinta rodada – avaliada em 25 pontos) e a 241 (sétima rodada – avaliada em 1 ponto), chegamos ao valor de 567,5 pontos, que corresponde a escolha 34, ou seja, a segunda escolha da segunda rodada, que hoje está com o Indianápolis Colts. Além de uma equipe ter interesse em topar esta empreitada, trocaríamos seis escolhas de draft por apenas uma e esta pick, seguindo o modelo clássico de avaliação, ainda estaria no segundo dia.

Mas os Cowboys também poderiam oferecer a primeira escolha de 2020, não? Sim, sem dúvida. Todavia, reafirmo que a escolha do ano seguinte tem valor inferior ao que eventualmente seria considerado no draft atual, aproximadamente uma rodada de diferença.

Usando o modelo básico de cálculo, se Dallas entregasse a primeira escolha de 2020 (320 pontos), mais a escolha 58 de 2019 (320 pontos), a equipe alcançaria a primeira rodada na escolha 29, pertencente atualmente ao Kansas City Chiefs. Imaginando algo mais ousado, entregando a primeira escolha de 2020 (320 pontos), a 58 de 2019 (320 pontos) e a 90 de 2019 (140 pontos), o Dallas Cowboys subiria para a escolha de número 23 da primeira rodada de 2019, que hoje é do Houston Texans. A nossa escolha de segunda rodada de 2020 teria o valor de 140 neste mesmo critério, caso houvesse interesse em utilizá-la (sempre o valor de uma rodada inferior de 2019).

Qualquer dos quadros indica um gasto gigante para subir para o primeiro round de 2019.

Então, partindo exclusivamente de nossas escolhas de draft como moeda de mercado para a troca, o preço para subir à primeira rodada de 2019 é caríssimo. O Dallas Cowboys provavelmente não faria este negócio, salvo se algum jogador muito especial do seu board acabasse caindo posições e estivesse disponível no momento certo, fato que nunca é impossível.

No ano passado, os Saints usaram uma combinação de escolhas de anos distintos para subir na tabela e selecionar Marcus Davenport.

A importância de selecionar na primeira rodada não está somente relacionada com a suposta melhor qualidade do jogador que ali se encontra. Na verdade, escolher na primeira rodada tem como complemento a opção de quinto ano de contrato de calouro, algo que os jogadores selecionados em qualquer outra rodada não possuem.

Sempre há a hipótese de troca envolvendo algum atleta do elenco atual, seja por escolha direta, seja para amenizar os custos (jogador mais escolha em troca de pick mais alta), mas o Dallas Cowboys não tem qualquer tradição recente em trocar os jogadores mais valorizados do seu elenco. E, antes que nos perguntem, provavelmente ninguém considera Taco Charlton um produto que valha a pena troca por picks altas.

Assim, meus caros, subir para a primeira rodada depende de fatores deveras complicados e de uma predisposição a entregar muito do futuro neste ano.

Por outro lado, poucas vezes vimos um front office tão agressivo como este (padrões do Dallas Cowboys). Trocamos uma escolha de primeira rodada no ano passado, crescemos muito como elenco (inclusive com trocas – vide Robert Quinn) e colocamos todo o grupo de treinadores num verdadeiro tudo ou nada para 2019. O War Room dos Cowboys poderá estar no modo on fire no dia do draft. Duvidar de Jerry Jones e companhia em realizar mais um movimento em busca do sexto anel para esta temporada é arriscado, já que tudo indica que estamos num ano de decisões bastante arrojadas. O preço é caro. Mas, eu nunca vi troféu barato, especialmente o Lombardi.

Saudações e Go Cowboys!

Diego Barros

Torcedor do Dallas escondido no velho oeste do Rio Grande do Sul. Veterano na torcida desde a década de 90, louco para recuperar o Lombardi.

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