Opinião

OPINIÃO | Earl Thomas ou não, eis a questão…

Hollywood está para a produção cinematográfica assim como o Projac está para as novelas. Essa é uma verdade quase universal.

E quando os norte-americanos se aventuram a produzir uma novela?

Se a qualidade desse produto tipicamente brasileiro no norte das Américas é boa ou não é uma pergunta difícil de responder. Ainda assim, há uma se desenrolando no Texas, mais precisamente em Dallas.

Não é de hoje que o front office dos Cowboys possui uma queda pelo free safety Earl Thomas, que caberia tanto nos enredos adolescentes de John Hughes quanto nos romances de Gilberto Braga.

Mesmo sendo fanático pelos Cowboys, Thomas sempre esteve longe do seu grande amor e há quase quatro anos flerta publicamente com o nosso coração de torcedor. Você pode ler sobre isso aqui.

Não é segredo pra ninguém que principalmente desde aquela véspera de Natal de 2017 o front office dos Cowboys tenta transformar a paixão em casamento, trazendo-o para Dallas.  Em 2019, quando parecia que tudo caminhava para o altar, o Baltimore Ravens chegou na frente, roubou o jogador diante dos olhos de todos e terminou com os sonhos dos torcedores.

Fim. The End.

Mas novelas (e filmes) têm grandes viradas.

Neste último final de semana, após condutas supostamente antidesportivas e contrárias aos fundamentos da franquia, culminando numa agressão, os Ravens dispensaram Earl Thomas. Rumores referem que o relacionamento dele com os demais colegas de trabalho e comissão técnica em Baltimore era ruim, fato que contribuiu para a surpreendente decisão da equipe.

Que tal essa reviravolta para o enredo?

Diante desse novo capítulo, o Dallas Cowboys finalmente trará seu sonhado safety? Podemos chamar o juiz de paz? Teremos um final feliz?

É uma grande dúvida.

Há inúmeros aspectos para necessária consideração.

O primeiro diz respeito com a sua conduta pessoal. As franquias dos Seahawks e Ravens são sérias e muito bem administradas. Os seus treinadores Pete Carroll e John Harbaugh estão entre os melhores da liga e, ambos, possuem um anel do SuperBowl. E, com todo esse currículo, nenhum deles quis ficar com a atual versão de Earl Thomas.

Também não podemos deixar de citar as partes física e desportiva, já que Thomas está numa descendente na carreira, vindo de lesões e de um ano abaixo do que já produziu (talvez por conta de estar vindo justamente de grave fratura na tíbia).

Somado (literalmente) a isso há a parte financeira. Thomas não é barato. Seu contrato com Baltimore era de US$55mi, sendo US$32mi garantidos, por quatro anos.

O ideal para Dallas seria uma proposta de um ano de contrato, para que ele possa provar à liga seu valor e, caso não siga com os Cowboys, a franquia ainda poderia receber uma escolha compensatória no draft.

Sinceramente, acho difícil que o atleta aceite isso. Creio que ele ainda possui mercado na NFL, mesmo que diminuído pelos últimos incidentes. Para finalmente chegar à Dallas, possivelmente o jogador peça um contrato não inferior a dois/três anos e de pelo menos US$10mi por temporada. Por menos do que isso, ele nem sequer sentaria para conversar (ao menos num primeiro momento).

Dallas dificilmente terá condições de oferecer um contrato longo ao jogador, seja em razão do seu salary cap para 2021, seja pelo seu unfinished business com Dak. A única forma que enxergo dos Cowboys ofertando um acordo de mais de um ano seria com um mínimo de dinheiro garantido para as temporadas seguintes, facilitando eventual corte.

Mas tudo isso é num primeiro flerte…

Há algumas cartas que um coração outrora partido, mas agora calejado, precisa saber usar para seduzir seu grande amor.

Alguns aspectos pessoais podem fazer essa equação ser favorável à Dallas, para que ele aceite uma eventual proposta vantajosa para a equipe texana, envolvendo um contrato curto (ou, ainda que superior a um ano, administrável) e não tão caro.

Como já sabido, ele é torcedor dos Cowboys. Thomas sempre quis e publicamente pediu para jogar em Dallas. Ele está num ano de prova, onde precisa demonstrar que ainda é um Pro Bowler e futuro Hall of Famer. Os vários jogos no primetime são uma bela forma de chegar a isso.

E há um grande e último aspecto que eu gostaria de colocar nessa receita. Thomas possui um temperamento fortíssimo. Isso está claro. E, cá para nós, ele deve querer uma vingança daqueles que o preteriram (que baita enredo, ein?).

Em Dallas, ele poderá unir ambas as situações, ou seja, estará no time de seus sonhos, muito bem estruturado, com grande visibilidade, favorito na sua divisão, dono de um belíssimo elenco e que enfrentará tanto Baltimore quanto Seattle ainda em 2020! Vendo o que ele fez com os Cowboys no jogo de 2018, literalmente humilhando a comissão técnica após aquela interceptação, algo me diz que o fato de Dallas enfrentar as duas equipes que o dispensaram nos últimos anos é a pimenta que falta para tornar o prato perfeito.

Obviamente, eu não sei se o front office ainda o deseja.

Pessoalmente, eu receberia Thomas de braços abertos. Discutir sua qualidade ou a necessidade de um safety nessa equipe é chover no molhado.

Eu já disse que o amava, já disse que o odiava. Ainda esse ano num podcast desviei o seu olhar e afirmei que ele era passado. Mentira pura! Roteiro típico dos citados filmes de John Hughes e das novelas de Gilberto Braga. Amor é assim. Um verdadeiro carrossel de emoções. Escolha sua poltrona, prepare sua pipoca e traga sua bebida. Acho que teremos fortes emoções nos próximos dias.

Saudações e Go Cowboys.

 


Seja um apoiador do Blue Star Brasil e garanta uma série de benefícios! Veja como participar aqui.

Diego Barros

Torcedor do Dallas escondido no velho oeste do Rio Grande do Sul. Veterano na torcida desde a década de 90, louco para recuperar o Lombardi.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo