Opinião

É a hora de buscar Earl Thomas?

Sempre que estramos na offseason, um dos questionamentos mais frequentes que povoa nossas mentes e a das pessoas que comandam as equipes da NFL diz respeito às principais necessidades do elenco.

No caso de Dallas, é evidente que agregar qualidade para a posto de safety é algo a ser bastante considerado pelo seu front office, já que, desde a saída de Barry Church e sem grandes mudanças em 2017 e 2018, esta posição se tornou uma das mais carentes da equipe.

Basicamente, os Cowboys têm três jogadores para a função, sendo eles Xavier Woods, Jeff Heath e Kavon Frazier, além de outros reservas com snaps mínimos.

A equipe do Blue Star Brasil analisou a situação aqui.

Sendo uma posição onde flagrantemente falta profundidade no elenco e considerando-se que os Cowboys não possuem uma escolha de primeira rodada por conta da troca por Amari Cooper (nunca critiquei!), sempre surge nos pensamentos (e nos sonhos de muitos torcedores) um nome: Earl Winty Thomas III.

Muito já se debateu sobre ele quando Earl Thomas literalmente invadiu o vestiário de Dallas e implorou por uma troca na véspera do Natal de 2017.  Durante a offseason que se seguiu, a estrela de Seattle exigiu publicamente da franquia a renovação de seu contrato por mais alguns anos ou a troca para outra equipe. Foi o famoso pay me or trade me.

Mais tarde, durante o draft de 2018, os Cowboys ofereceram uma pick de terceira rodada (antes de adicionarem Michael Gallup) e, em plena temporada, supostamente a equipe novamente ofereceu uma escolha, desta vez da segunda rodada de 2019. Nada feito, tivemos o tremendo dissabor de enfrentá-lo na terceira semana da temporada regular, oportunidade em que o free safety fez uma partida brilhante, liderando a equipe com duas interceptações, sendo que na segunda delas ele se curvou acintosamente para a comissão técnica e jogadores de Dallas, recebendo como punição 15 jardas por conduta antidesportiva.

 

Tradução: “Earl Thomas faz uma reverência ao banco Dallas Cowboys depois de interceptar Dak Prescott duas vezes”.

 

Todavia, num desses azares da vida, na semana seguinte Earl Thomas sofreu grave lesão (fratura na perna), encerrou sua temporada e, indignado, mostrou o dedo médio para a comissão técnica de Seattle.

 

Tradução: “#Seahawks Safety Earl Thomas foi levado para o vestiário.   É assim que a carreira de Earl Thoms nos terminará?”

 

E agora que chegamos a 2019, repetimos a velha pergunta: Os Cowboys deveriam tentar a sua contratação?

Antes de mais nada, precisamos considerar que ele poderá renovar com os Seahawks ou receber uma franchise tag da equipe. Nada disso é impossível e o sonho acabaria antes mesmo de fecharmos os olhos. O front office de Seattle é muito bom e talvez não queira perder o jogador. Mas, ao que tudo indica, a relação entre eles parece estar bastante desgastada para sua permanência. Especula-se que a franchise tag para a posição alcance U$12 milhões, valor que poderá assustar muito, especialmente se os Seahawks apenas visarem uma troca futura.

Então, caso ele chegue na free agency, qual deveria ser a posição de Dallas?

Como torcedor, eu diria o mesmo que pensei nesta mesma época do ano passado, ou seja, deem a camisa 29 dos Cowboys para este monstro, futuro hall of famer, seis vezes pro-bowler, cinco vezes all-pro e campeão no Super Bowl XLVIII. Precisa currículo melhor?

Porém, como disse Shakespeare, há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia.

O cap hit de Earl Thomas em 2018 foi de U$10,4 milhões. Ano passado, segundo a imprensa especializada, especulava-se que ele gostaria de uma extensão prevendo quatro anos totais de contrato e com um salário girando em torno de U$12 milhões.

Hoje, nestas condições, observando o comportamento da família Jones nos últimos anos, qual seja, o de renovar o seu elenco e de perseguir apenas os right price guys, com gasto mínimo na free agency, poderíamos afirmar que Earl Thomas está muito distante de Dallas.

Mas, há outras variáveis para esta temporada.

Em primeiro lugar, existe a lesão que Earl Thomas sofreu no ano passado. Isso, sem qualquer sombra de dúvidas, reduzirá seu preço de mercado e, provavelmente, o tornará mais acessível. Se este fator não afetar o seu mercado, Dallas certamente estará fora do páreo. O próprio tempo de contrato a ser oferecido poderá sofrer restrições, já que Thomas completará 30 anos em maio e acumula duas lesões na perna em três anos.

Além disso, o comportamento de Earl Thomas no início da temporada passada, deixando de se apresentar aos Seahawks, treinando em separado alguns dias, tornando públicas as suas insatisfações e terminando por ofender a comissão técnica em plena partida, provavelmente influencie o seu mercado, seja o financeiro propriamente dito quanto o do interesse de algumas franquias. Inclusive, nesse ponto, Earl Thomas deixou clara a sua preferência e torcida pelos Cowboys, algo que há de ser considerado.

Olhando pelo lado de Dallas, embora arriscar dinheiro em um profissional que vem de lesões e já atingiu a casa dos trinta anos seja arriscado, há fatores que tornam a contratação atraente.

Embora a defesa de Dallas tenha sido muito boa em 2018, considerada uma das melhores da NFL, o seu grande problema foi justamente a falta de capacidade de gerar interceptações pela secundária (26ª na Liga). Earl Thomas, além de um reconhecido playmaker, é, neste aspecto, um exímio jogador. No ranking considerado desde o ano de 2010 (momento em que ele entrou na liga), Thomas detém a terceira posição geral da NFL com 28 interceptações, mesmo sem jogar 19 partidas nas últimas três temporadas.

Aliás, ele tem uma capacidade singular de leitura e diagnóstico de jogadas e tendências dos ataques, normalmente identificando o que pretendem fazer. Raramente está fora de posição e dificilmente é enganado pelos ataques, fatores essenciais num momento em que os coordenadores ofensivos estão cada vez mais criativos e inovadores. Além de seu raciocínio absolutamente rápido e inteligente, Thomas alia essas características a uma aptidão física e velocidade incomuns. Sua inteligência de futebol e habilidade de diagnóstico permitem que ele faça jogadas por todo o campo.

Sua adição ao roster dos Cowboys forçaria Xavier Woods e Jeff Heath a brigarem pela posição de strong safety. Se podemos afirmar que Heath é melhor para defender a corrida, é também verdade que Woods tem como principal vantagem a cobertura no jogo aéreo, saindo na frente para fazer dupla ao lado de Thomas. Com isso, permitiria deixar Heath para jogadas específicas onde potencialmente seriam favoráveis ao seu estilo de jogo e para que ele pudesse focar nos special teams, onde possui melhores números.

Por fim, há um aspecto anímico que precisa ser considerado. Earl Thomas é torcedor dos Cowboys, quer jogar em Dallas e é um líder nato. Sua contribuição moral certamente alavancaria o jogo dos demais. Numa defesa jovem, sua adição tornaria o Dallas Cowboys potencialmente com a melhor secundária da NFL!

Quem chegou até aqui deve ter notado que eu sou um fã incondicional de Earl Thomas e que desejo sua chegada aos Cowboys. Porém, devo admitir que ainda sou cético. O foco da equipe parece estar nas extensões contratuais de DeMarcus Lawrence, Amari Cooper e, talvez, Byron Jones, com Dak Prescott e Ezequiel Elliott aparecendo no retrovisor. Por si só, estes negócios podem comprometer completamente nosso espaço no teto salarial.

Porém, quem sabe o front office do Dallas Cowboys decide trazer o sucessor de Darren Woodson? Aí, meus amigos, posso afirmar que uma visita a Miami em fevereiro de 2020 estaria muito mais próxima!

Saudações e Go Cowboys!

Diego Barros

Torcedor do Dallas escondido no velho oeste do Rio Grande do Sul. Veterano na torcida desde a década de 90, louco para recuperar o Lombardi.

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