Em 2016, comemorávamos um improvável 13-3 e melhor campanha da conferência nacional ao fim da temporada regular, o Philadelphia Eagles se despedia da temporada sendo o último colocado da NFC East. Semanas depois, éramos eliminados da temporada ao perder em casa para o Green Bay Packers.
Hoje, estamos vendo nosso rival levantar o Troféu Lombardi pela primeira vez em sua história. O time de maior chacota dentro da divisão finalmente pode se orgulhar de conquistar um Super Bowl. Desde o último título do Dallas Cowboys, inclusive, esse é o segundo título que um rival do Time da América conquista, além de ter sido a quinta final disputada por eles — três do Giants e duas do Eagles.
Hoje, mais do que nunca, precisamos ter a humildade de descer do pedestal e reconhecer que há o que aprender com o título do Eagles.
Assim como o Dallas Cowboys, o Philadelphia Eagles perdeu seu left tackle titular no meio da temporada. Enquanto perdemos os dois jogos sem Tyron Smith com Dak Prescott sendo completamente engolido nas duas partidas, o Eagles jogou 12 partidas sem Jason Peters e ganhou 10 delas.
Na mesma partida que o Eagles perdeu Jason Peters, o time também perdeu seu linebacker titular, Jordan Hicks, por toda a temporada. Enquanto Philadelphia ganhou 10 das 12 partidas sem ele, o Dallas Cowboys perdeu 4 das 5 partidas que jogou sem seu linebacker titular Sean Lee.
Por fim, o grande destaque do Philadelphia Eagles, o quarterback Carson Wentz, se lesionou e ficou fora do restante da temporada na Semana 14. De lá pra cá foram cinco vitórias em seis jogos. Vocês se embram de como o Dallas Cowboys jogava quando Tony Romo se machucava e seu substituto entrava em campo? Você acha que venceríamos o mesmo número de jogos que o Eagles caso fosse o Dak Prescott a se machucar?
Isso ainda fica mais exposto se considerarmos que o Eagles também perdeu o RB Darren Sproles, o K Caleb Sturgis e o RB Donnel Pumphrey durante a temporada. Seria como se chegássemos na reta final da temporada sem Dak Prescott, Sean Lee, Tyron Smith, Ryan Switzer, Dan Bailey e Rod Smith. Sinceramente, dá pra achar que conseguiríamos fazer metade do que o time do Eagles fez?
Enquanto justificamos mais um ano que terminou em fracasso, o Philadelphia Eagles optou por superar todas as adversidades e ganhar um título inédito para a franquia. Enquanto os torcedores do Eagles estão invadindo as ruas da cidade, nós estamos indo dormir com um sentimento de inveja em nós. Enquanto fomos o único time de melhor campanha da conferência a não ir ao Super Bowl nos últimos cinco anos, o Eagles derrubou simplesmente o time que mantém a maior dinastia da história da NFL moderna.
Dói dizer isso. Dói muito. Mas precisamos aprender com nosso rival.
O Philadelphia Eagles mostrou que a free agency pode e deve ser usada como peça chave para reforçar o elenco. O time usou o mercado pra trazer jogadores fundamentais em sua conquista, como os wide receivers Alshon Jeffery e Torrey Smith, além do DE Chris Long. O Dallas Cowboys precisa enxergar que o mercado precisa ser usado para “encorpar” o elenco, e não apenas para trazer jogadores medianos que simplesmente vão tapar buracos — oi, Nolan Carroll.
Calma, não estou falando que é necessário realizar loucuras dando contratos gigantescos para jogadores livres. Chris Long foi contratado com um salário médio de 2,35 milhões de dólares por temporada, menos que os US$3,85 milhões que recebe o DE Benson Mayowa. Chance Warmack foi contratado em 2017 com um salário quase idêntico ao que Byron Bell recebeu para ser quase um desastre como reserva de Tyron Smith.
Por outro lado, o Eagles usou e abusou de trocas de jogadores que resultaram em um elenco mais forte. Por mais que a do Carson Wentz talvez não seja um exemplo por conta do alto preço a ser pago, o time conseguiu jogadores como o DT Tim Jernigan, o CB Ronald Darby e o RB Jay Ajayi por barganhas até. Ainda, se livraram de contratos terríveis trocando jogadores como o RB DeMarco Murray, o CB Byron Maxwell e o QB Sam Bradford por escolhas minimamente boas. Do lado do Dallas Cowboys, não vemos nenhum tipo de movimentação como essa sendo aproveitada. No máximo, escolhas obscuras das rodadas finais do Draft são usadas para pegar jogadores que podem até nem sequer serem aproveitados direito, como o RB Christine Michael e o QB Matt Cassel (risos). Novamente, a ideia aqui não é fazer loucuras trocando todas as escolhas do Draft, mas sim usá-las com inteligência e buscando nomes que possam contribuir de fato ao time.
Por fim, vimos uma comissão técnica de Philly jovem e conseguindo adaptar de forma espetacular o elenco que tem. Enquanto estamos dando anos de paciência para que Jason Garrett, Scott Linehan e Rod Marinelli formem um time competitivo, Doug Pederson e sua equipe montaram um time campeão em duas temporadas. Há de se ao menos considerar a hipótese de que uma parcela de culpa do rendimento do Cowboys passe pela comissão técnica.
A temporada acabou e estamos vendo um rival com o último sorriso mais uma vez. Até quando, Dallas Cowboys?