Opinião

Analisando as últimas trocas do Dallas Cowboys no Draft: elas realmente valeram a pena?

O Draft indiscutivelmente é o momento fora da temporada da NFL que mais gera nervosismo nos fãs. Afinal, ele é a porta de qualquer time para a construção de um elenco melhor no médio/longo prazo, o que significa que qualquer decisão equivocada pode trazer sérios problemas para qualquer uma das 32 franquias da NFL.

O assunto de hoje trata-se justamente de uma das manobras que mais geram arrependimentos no Draft: as trocas. Em busca de um tão sonhado jogador que pode vir a ser uma peça chave para seu time, algumas franquias abrem mão de escolhas importantes em busca dessa possível nova estrela da NFL. Aproveitando-se da situação, outros times fazem desse desespero uma estratégia para conseguir mais escolhas e, com isso, reforçar seu time de maneira mais inteligente.

Com o passar dos anos, é possível identificar se uma escolha foi boa ou não. E é exatamente o que faremos nesse post.

Para facilitar um pouco as coisas, não vamos julgar as trocas do último Draft por motivos meio óbvios: fazer um julgamento com base em apenas uma temporada seria algo muito precipitado de se fazer (por mais que já tenhamos uma ideia). E também não vamos analisar trocas que aconteceram durante a temporada regular, no qual o Cowboys deu escolhas do Draft para pegar um jogador. Nosso foco aqui são de trocas que aconteceram no dia do evento.

Sem mais delongas, vamos à elas:

 

Nº 1: Trade Up por DeMarcus Lawrence (Draft 2014)

  • Time envolvido: Washington Redskins
  • Escolhas cedidas: 2ª Rodada (47ª Geral) e 3ª Rodada (78ª Geral)
  • Escolhas recebidas: 2ª Rodada (34ª Geral)

 

Jogador escolhido pelo Dallas Cowboys: DE DeMarcus Lawrence (Boise State)

DeMarcus Lawrence era visto pelo front office do Cowboys como um dos últimos especialistas em pass rush do Draft, o que facilitou o time a abrir mão de sua escolha de terceira rodada por ele. Em sua temporada de calouro, D-Law sofreu uma lesão no pé que o tirou de metade da temporada e prejudicou sua adaptação para o futebol americano profissional.

Em 2015, já com uma offseason completa, Lawrence se destacou e terminou o ano como o líder do time em sacks, com oito, além de 35 tackles e um safety. Apesar da possível notícia de uma suspensão por quatro jogos, D-Law ainda é peça chave na linha defensiva do time.

 

Jogadores escolhidos pelo Washington Redskins: OLB Trent Murphy (Stanford) e OG Spencer Long (Nebraska)

Com a escolha original do Dallas Cowboys, o rival Redskins selecionou Trent Murphy, de Stanford. Em sua temporada como calouro, Murphy foi escalado inicialmente para fazer parte de uma rotação, mas acabou assumindo a titularidade após a lesão de Brian Orakpo e terminou a temporada com 2,5 sacks e 2 fumbles forçados em oito jogos como titular. Em 2015, Murphy evoluiu e terminou a temporada com 3,5 sacks, dois fumbles recuperados e um forçado. Para 2016, Murphy perdeu um pouco de espaço e será utilizado como DE.

Já Spencer Long não teve tanto sucesso. Em 2014, participou de apenas cinco jogos como calouro, servindo basicamente como um reserva. Com a dispensa do titular em 2015, era esperado que Long assumisse a titularidade, mas perdeu a vaga para Brandon Scherff, escolha de primeira rodada do time no ano. Dessa forma, o jogador acabou se tornando titular como left guard depois que o titular se machucou, e para 2016 o jogador brigará pela posição.

 

A troca foi boa para o Dallas Cowboys?

Sim. Inicialmente colocada como arriscada, a escolha acabou beneficiando o Cowboys. Lawrence, apesar de tudo, vem demonstrando grande evolução e tem tudo para ser um pass rusher de qualidade para o Dallas Cowboys nos próximos anos. Já o Redskins, com as escolhas que recebeu, conseguiu dois jogadores que, até o momento, mostraram que são mais bons jogadores para compor elenco do que um titular confiável. Pelo impacto causado até o momento e o potencial de evolução, a troca pareceu favorecer o lado azul e prata da NFC East.

 


Nº 2: Trade Up por Devin Street (Draft 2014)

  • Time envolvido: Detroit Lions
  • Escolhas cedidas: 5ª Rodada (158ª Geral) e 7ª Rodada (229ª Geral)
  • Escolhas recebidas: 5ª Rodada (146ª Geral)

 

Jogador escolhido pelo Dallas Cowboys: WR Devin Street (Pittsburgh)

Buscando repor a saída de Miles Austin, o Cowboys foi atrás de Devin Street. Apesar de seu porte físico inadequado para a NFL (magro demais), os técnicos tinham confiança no jogador. Em 2014, sendo apenas o quinto WR, Street teve apenas 2 recepções para 18 jardas. Já na última temporada, Street se aproveitou das lesões de Dez Bryant e Brice Butler para ser titular, mas pouco fez. Apesar de ter anotado o primeiro touchdown da carreira, Street sofreu com fumbles e pode ter seu futuro no time ameaçado nessa pré-temporada.

 

Jogadores escolhidos pelo Detroit Lions: DT Caraun Reid (Princeton) e K Nate Freese (Boston College)

Com as escolhas ganhas na troca, o Lions selecionou na quinta rodada o DT Caraun Reid. Depois de uma temporada de calouro tímida, Reid se tornou titular em 2015 e conseguiu dois sacks e um fumble retornado para touchdown. Sendo o único defensive tackle sob contrato do time, Reid deve mais uma vez ter papel importante na linha defensiva de Detroit.

Já Freese foi um completo desastre. Após garantir a titularidade no training camp, Freese durou apenas três semanas na NFL. Após quatro field goals errados em três jogos, Freese foi demitido e desde então está sem clube.

 

A troca foi boa para o Dallas Cowboys?

Não muito. Se olharmos para os wide receivers disponíveis, Street não foi uma escolha ruim no momento (vamos ignorar o Allen Hurns que não foi draftado). Mas ao olharmos o impacto que Reid teve no Lions e seu futuro no time e comparar com o Street, o Lions leva vantagem na troca, mesmo tendo usado a escolha de sétima rodada para selecionar um kicker que acabou não tendo futuro.

 


Nº 3: Trade Down por Travis Frederick (Draft 2013)

  • Time envolvido: San Francisco 49ers
  • Escolhas cedidas: 1ª Rodada (18ª Geral)
  • Escolhas recebidas: 1ª Rodada (31ª Geral) e 3ª Rodada (74ª Geral)

 

Jogadores escolhidos pelo Dallas Cowboys: C Travis Frederick (Wisconsin) e WR Terrance William (Baylor)

Depois de ver Jonathan Cooper, Chance Warmack e Kenny Vaccarro serem selecionados, o Dallas Cowboys foi forçado a aceitar uma troca não tão boa no primeiro momento. Com a penúltima escolha da primeira rodada, o time selecionou Frederick, que era cotado pra sair entre a segunda e terceira rodada. Ao contrário das previsões, Frederick se tornou um dos melhores centers da liga, chegando duas vezes ao Pro Bowl e ao segundo time All-Pro.

Já com a escolha de terceira rodada ganhar, o Cowboys selecionou Terrance Williams. Com a lesão de Miles Austin, T-Will se tornou titular como calouro e desde então é o WR2 do time. Apesar do ano ruim em 2015, Williams teve uma passagem acima do esperado para um jogador de terceira rodada e seu três touchdowns nos playoffs em 2014 mostram isso.

 

Jogador escolhido pelo San Francisco 49ers: FS Eric Reid (LSU)

Com a escolha original de Dallas, o 49ers selecionou Eric Reid, um dos melhores safeties da classe. Em três anos jogando em San Francisco, Reid se tornou um safety sólido na liga, se tornando titular desde o começo da carreira. profissional e ainda sendo nomeado ao Pro Bowl. Em 2015, Reid caiu de produção assim como todo o time do Niners. Em 14 jogos, Reid não conseguiu uma interceptação sequer.

 

A troca foi boa para o Dallas Cowboys?

Sim. Apesar de Eric Reid ser um safety muito bom, os jogadores que o Cowboys selecionou fizeram valer a troca. Frederick foi praticamente um ponto de inflexão da evolução da linha ofensiva do time, tirando-a do patamar de péssima e colocando no patamar de razoável em 2013 para, no fim, chegar a melhor linha ofensiva da NFL com a ajuda de Zack Martin e La’el Collins. Por fim, a troca ainda presenteou o Cowboys com Terrance Williams que, apesar de não ser bom o suficiente para ser um wide receiver número um, é um bom WR2 e uma ameaça em profundidade.

 


Nº 4: Trade Up por Morris Claiborne (Draft 2012)

  • Time envolvido: St. Louis Rams
  • Escolhas cedidas: 1ª Rodada (14ª Geral) e 2ª Rodada (50ª Geral)
  • Escolhas recebidas: 1ª Rodada (6ª Geral)

 

Jogador escolhido pelo Dallas Cowboys: CB Morris Claiborne (LSU)

Para fortalecer a secundária, o Cowboys fez a troca mais ousada da era Garrett. Ao subir para o top 10 do Draft, o time selecionou o melhor prospecto da posição, considerado o melhor desde Deion Sanders. Claiborne, no entanto, não correspondeu as expectativas. Desde lesões até problemas em seu desenvolvimento por conta dos coordenadores defensivos — foram três em quatro anos — Mo não evoluiu e hoje só se mantém em Dallas por ser um cornerback ok, muito pouco pro potencial que ele tinha quando saiu do futebol americano universitário.

 

Jogadores escolhidos pelo St. Louis Rams: DT Michael Brockers (LSU) e uma outra troca

Com a 14ª escolha geral do Draft, o hoje Los Angeles Rams selecionou o DT Michael Brockers. Apesar de não ser um jogador dominante como o próprio Rams achou em Aaron Donald dois anos depois, Brockers é um defensive tackle muito eficiente parando o jogo terrestre e tem uma média de 3,5 sacks por temporada. Mesmo com a chegada de Nick Fairley em 2015, Brockers permaneceu sendo o titular da linha defensiva.

Com a escolha de segunda rodada ganha do Cowboys, o Rams realizou outra troca, dessa vez com o Chicago Bears, que selecionou o WR Alshon Jeffery, Pro Bowler em 2013 e que terminou as últimas duas temporadas ultrapassando as 1.000 jardas recebidas. A troca com o Bears fez o Rams escolher o RB Isaiah Pead e o G Rokevious Watkins, dois jogadores que tiveram passagens apagadas em St. Louis antes de serem dispensados.

 

A troca foi boa para o Dallas Cowboys?

Não. Morris Claiborne veio a peso de ouro e nunca chegou perto de fazer valer o investimento. Por mais que o Rams não tenha sido feliz com suas decisões, o Cowboys perdeu uma escolha de segunda rodada que teria sido extremamente valiosa. Tempos depois, Jerry Jones disse que o jogador que o time buscava selecionar com a escolha de segunda rodada era o LB Bobby Wagner, que acabou sendo escolhido pelo Seattle Seahawks duas escolhas depois da escolha original do Cowboys. Wagner se tornou peça chave no time do Seahawks que ganhou o Super Bowl, sendo hoje um dos melhores da liga em sua posição.

 


Nº 5: Trade Up por Dez Bryant (Draft 2011)

  • Time envolvido: New England Patriots
  • Escolhas cedidas: 1ª Rodada (27ª Geral) e 3ª Rodada (90ª Geral)
  • Escolhas recebidas: 1ª Rodada (24ª Geral) e 4ª Rodada (119ª Geral)

 

Jogadores escolhido pelo Dallas Cowboys: WR Dez Bryant (Oklahoma State) e outra troca

Subindo três posições, o Dallas Cowboys escolheu o jogador que hoje é um dos caras que representam a franquia. Dez Bryant desde sua temporada de calouro já trouxe impacto imediato ao time. Em 2014, Dez foi o líder da NFL em touchdowns recebidos, se consolidando de vez como um dos melhores rebedores de toda a liga.

Com a escolha de quarta rodada recebida, o Cowboys fez outra troca, dessa vez com o Miami Dolphins. O time recebeu as escolhas de 4ª e 6ª rodada de Miami, selecionando respectivamente o CB Akwasi Owusu-Ansah e o OT Sam Young. Nenhum dos dois tiveram destaque e foram dispensados após passar uma temporada em Dallas. Com a escolha, o Dolphins selecionou o linebacker A.J. Edds, que também só durou uma temporada antes de ser dispensado.

 

Jogadores escolhidos pelo New England Patriots: FS Devin McCourty (Rutgers) e WR Taylor Price (Ohio)

Descendo três posições, o Patriots aproveitou e selecionou o cornerback Devin McCourt, que mais tarde virou free safety. McCourty pode ser considerado hoje como um dos melhores safeties da NFL, tendo sido nomeado uma vez ao Pro Bowl e duas vezes para o segundo time do All-Pro. Além de titular absoluto desde que entrou na liga, McCourty foi uma das peças chaves da defesa que ajudou NE a ganhar o Super Bowl XLIX.

Já Taylor Price não teve tanto sucesso. Em sua temporada de calouro, Price perdeu 15 jogos por leão e só jogou três partidas até ser dispensado antes do começo da temporada de 2012.

 

A troca foi boa para o Dallas Cowboys?

Sim. Apesar do Patriots ter selecionado um ótimo jogador, o Cowboys escolheu um baita de um playmaker. A escolha que o Cowboys cedeu para selecionar Dez Bryant acabaram não ajudando o Patriots, e a escolha de quarta rodada do Cowboys também não serviu para muita coisa. Mas não importa: a escolha de Dez Bryant já era o suficiente para essa troca ter sido (tranquila e) favorável para nós.

Gabriel Plat

Curte NFL por escolha e o Dallas Cowboys por amor. Aprecia a boa música e compartilha outro sofrimento: o Botafogo. Um dos participantes do podcast.

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