Opinião

A chegada de Connor McGovern e o futuro da linha ofensiva dos Cowboys

O jogo se ganha nas linhas! Esse é um mantra de quase todas as equipes e analistas da NFL e o Dallas Cowboys está seguindo esta velha escola de futebol americano para voltar ao SuperBowl. Sua defensive line, já reconhecidamente uma das mais destacadas na NFL, recebeu a adição de novos componentes tanto na free agency quanto no draft.

Do outro lado da bola, a linha ofensiva do Dallas Cowboys já foi considerada a melhor da liga. Porém, desde a temporada de 2017 vem procurando encontrar sua melhor formação. Ao final de 2016, duas peças fundamentais deixaram a equipe: o left guard Ronald Leary e o right tackle Doug Free. Desde então, o front office de Dallas tenta reequilibrar o setor, adicionando jogadores na free agency, via draft e até trocando treinadores.

No final da temporada passada, tínhamos a seguinte formação titular: Tyron Smith (left tackle), Connor Williams (left guard), Joe Looney (center), Zach Martin (right guard) e La´el Collins (right tackle).

Além destes jogadores, faziam parte do elenco geral em 2018 (incluindo o practice squad e injured reserve) Travis Frederick (center), Cameron Fleming (tackle), Xavier Su´a-Filo (guard), Adam Redmond (center/guard), Cody Wichmann (guard) e Jake Campos (tackle).

Durante a free agency deste ano, os Cowboys mantiveram seu elenco intacto, com especial destaque para a renovação de contrato de Cameron Fleming por dois anos.

Já no último draft, para a surpresa geral, o Dallas Cowboys draftou Connor McGovern no terceiro round, com sua escolha de número 90. Como universitário, McGovern jogou em todas as posições na linha ofensiva, mas preferencialmente como guard e center.

Considerando o atual depth chart da posição, o ingresso de Connor McGovern impacta de que forma o elenco para esta temporada e para o futuro?

É isso que tentaremos desvendar.

Inicialmente, precisamos dizer que, segundo o que a família Jones tem reiteradamente afirmado, Travis Frederick (center) estará pronto para o training camp e apto para a temporada regular desde o seu início. Assim, tem-se que a escolha de McGovern no draft não tem qualquer relação com a situação de saúde de Travis Frederick.

Com o retorno do camisa 72, o trio de ferro dos Cowboys estará presente, ou seja, Tyron Smith (left tackle), Travis Frederick (center) e Zach Martin (right guard). É o recheio dessa linha que ainda não está definido.

Também como premissa, temos que os jogadores Cameron Fleming, Adam Redmond, Cody Wichmann (guard) e Jake Campos (tackle), bem como os que eventualmente assinem como undrafted agora, provavelmente estejam lutando por lugar no roster ou sigam como reservas, sendo Fleming como swing tackle (variando os dois lados) e Adam Redmond auxiliando na rotação dos guards e/ou center. Não se espera alteração neste quadro, exceto motivado por situações excepcionais, como lesões ou trocas. Mesmo a adição de Larry Allen Jr, filho da lenda de Dallas, não alterará este quadro imediatamente.

Para o restante, as posições de left guard e right tackle seguem em disputa.

Em teoria, Connor McGovern vem para brigar pela posição de left guard, já que o centro da linha é de Travis Frederick e, na sua ausência, Joe Looney tem sido tradicionalmente o escolhido.

Para esta posição de left guard, várias possibilidades podem existir.

Em primeiro lugar, Connor Williams poderá ser o seu titular. É uma tendência o seu crescimento, já que Dallas o draftou na segunda rodada de 2018 acreditando ser o jogador do futuro para a posição. Podemos afirmar que, após um início difícil, ele foi razoavelmente bem, mas é consenso que precisa crescer para assumir de vez a titularidade.

Uma variável nesta posição é justamente o recém draftado Connor McGovern, que poderá ser testado ali. Dificilmente teremos ele como titular imediato, já que é necessária uma adaptação – normal, diga-se –  do calouro à liga profissional. Todavia, o tempo de ambientação varia para cada atleta e não seria a primeira grata surpresa o seu aproveitamento no primeiro ano.

Ainda, há a possibilidade do deslocamento de Joe Looney para o setor. Em 2018, Looney segurou as pontas como center titular e, embora não seja comparável a Frederick, foi um jogador bastante confiável. Não será nenhum absurdo se ele for testado na posição, já que demonstrou ser um atleta bastante disposto e, especialmente, um jogador muito querido e respeitado pelos seus colegas de vestiário. Tamanho e físico para a empreitada ele tem.

Por fim, há a hipótese de Xavier Su´a-Filo assumir a titularidade. Se em 2018, quando Su´a-Filo teve que assumir a titularidade em razão das lesões de seus colegas, todos suaram frio (trocadilho infame), hoje não podemos dizer que ele decepcionou. Pelo contrário, longe de ser brilhante, cumpriu seu papel. Mesmo que não seja o habitual um atleta de 28 anos crescer justamente nesta idade a um jogo acima da média de todos os seus anos anteriores, não podemos afirmar que isso seria um total milagre. É difícil (muito!), mas, quem sabe?

Se você ficou pensando: e quanto a La´el Collins? Este, com toda a certeza (ou praticamente quase toda), não voltará para a posição de left guard. Ele já foi testado ali, fato que não gerou o resultado esperado pela comissão técnica, foi deslocado e, no ano passado, no momento de maior desespero pela ausência de jogadores para a posição, não foi utilizado como guard, mesmo com a opção Fleming de swing tackle. Então, para 2019, cheio de guards no elenco, certamente não será considerado e seguirá disputando a posição de right tackle.

Se o número de opções para a posição de left guard é grande, a situação não se repete na extrema direita da linha. Ainda assim, o mistério é tão grande quanto.

O atual titular, La´el Colllins, não se tornou o jogador que todos esperavam. Nas últimas offseasons, muitos repetiram a frase: esse é o ano de La´el. Este ano ainda não chegou. Ele aterrissou na NFL como um dos melhores prospectos do draft de 2015. Esperava-se que fosse escolhido na primeira rodada. Collins não foi escolhido em razão de uma situação policial – que depois não se confirmou – e assinou pós draft com os Cowboys. Ele está no seu último ano de contrato, tem um cap hit elevadíssimo (U$ 9,925 milhões) e, mesmo depois de trocar de posição, ainda não justificou o investimento. Ele deverá ser um cap casualty no próximo ano, levando em consideração o número elevado de renovações que os Cowboys enfrentarão.

Embora numa primeira leitura ele seja o titular absoluto e o front office entenda que Fleming é o curinga dos tackles, o draft deste ano deixou claro que existirá alguma disputa na posição.

Na nossa opinião, La´el Collins foi justamente o jogador colocado contra a parede com a escolha de Connor McGovern no draft. Não há a menor dúvida nisso.

Então queremos dizer que Connor McGovern veio para brigar pela posição de right tackle? Acreditamos que não. Mesmo que McGovern tenha jogado em todas as posições da linha ofensiva, os principais analistas norte-americanos afirmam que o seu tipo físico e sua mobilidade não indicam qualquer inclinação para jogar na posição de tackle. Nos principais anos na universidade, ele atuou como guard (2016 e 2018) e center (2017). Dessa forma, ele deverá ser utilizado como guard, como aparentemente é visto pela comissão dos Cowboys.

Porém, quem entra nesse quebra-cabeças para brigar com La´el Collins pela posição de right tackle?

A resposta de bate pronto é Connor Williams!

Connor Williams jogou como tackle na universidade. Stephen Jones afirmou recentemente que acredita que Williams possa ser deslocado para o extremo da linha, já que é muito atlético e possui um bom movimento e jogo de pés. Isso justificaria o investimento de Dallas com a escolha de Connor McGovern no terceiro round do draft de 2019, já pensando numa futura perda de La´el Collins ao final de seu contrato. A verdade é que a comissão técnica e todos os torcedores não enxergam Collins como um jogador que mereça receber os quase U$10mi e, diante disso, ele dificilmente permanecerá.

Pois bem, como fica a linha ofensiva?

Para não ficar em cima do muro, acreditamos que tudo dependerá do desempenho de Connor McGovern nos treinamentos. Se ele demonstrar que poderá ser uma aposta concreta como left guard, não temos dúvidas que a comissão técnica colocará ele na disputa direta pela posição e passará a preparar Williams para o presente ou futuro como right tackle.

Vou mais além, se Connor Williams demonstrar para o treinador Marc Colombo que tem futebol para ser o right tackle titular, não duvido até em Dallas colocar La´el Collins em alguma troca, já que ele está em seu último ano de contrato e a posição é disputadíssima no mercado. Este é, acima de tudo, um ótimo cenário para os Cowboys.

Agora, por outro lado, se Connor McGovern aparentar no training camp estar muito verde ainda e Connor Williams fracassar na sua tentativa de se deslocar para a extrema direita da linha ofensiva, a situação volta a ser muito parecida com 2018, com Williams como left guard titular (Xavier Su´a-Filo e eventualmente Joe Looney logo atrás dele). La´el Collins seguiria soberano como right tackle. Esse cenário deixa questionamentos para 2020.

Seja como for, Marc Colombo tem ótimas opções e Dallas estará muito bem servido na sua linha ofensiva. O grupo recebeu investimento, conta com excelente profundidade e tende a brilhar em 2019.

Saudações e Go Cowboys!

Diego Barros

Torcedor do Dallas escondido no velho oeste do Rio Grande do Sul. Veterano na torcida desde a década de 90, louco para recuperar o Lombardi.

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