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OPINIÃO | Dak Prescott e o Amor Líquido

Ultimamente tem se tornado cada vez mais comum tentar entender o que acontece com a nossa sociedade, especialmente nos relacionamentos humanos. Existe um pensamento crescente de que as nossas relações são cada vez mais flexíveis, alguns diriam até “líquidas”, mas o que isso teria a ver com o Dallas Cowboys? Eu já chego lá.

Zygmunt Bauman, publicou em 2003 um livro intitulado Liquid Love (Amor líquido, ZAHAR), livro onde ele discutia a transformação dos relacionamentos amorosos graças a nossa sociedade moderna. O líquido no caso, nada tinha a ver com a ideia de liquidez monetária, onde quanto maior ela fosse, maior seria a sua potencialização para realizar as coisas. A liquidez do amor é muito mais vazia, aquele sentimento de bolsos vazios e as contas do fim de mês se acumulando.

Nesse cenário nem um pouco otimista, muitas vezes nos vemos tentando encontrar soluções para esses vazios, principalmente por mudanças ocorridas na globalização das nossas relações também. Tudo é muito mais rápido, muito mais instantâneo e nos vemos obrigados a lidar com as nossas decisões, que muitas vezes acabam nos frustrando pelo peso que elas trazem consigo.

Os Cowboys tomarem Tony Romo como o responsável pela franquia nos últimos 10 anos, provavelmente pode ser um mix de emoções a se lidar. Primeiro porque trouxe a nossa primeira vitória nos Playoffs em quase treze anos, mas ao mesmo tempo tivemos o famoso snap contra os Seahawks. Durante alguns anos muitos contestaram a sua habilidade em liderar o time, até mesmo nas situações mais difíceis em que tivemos uma chance até o fim do jogo (é tanta partida que alguém sem ser o Romo entrega a paçoca, que fica difícil citar aqui), mas ao mesmo tempo fica a dúvida se ele teria o “IT FACTOR”, para ir além.

Em 2014 tivemos uma temporada digna de documentário na NFL Network, passamos por cima de tudo e todos, menos pela linha da endzone com o Bryant em Lambeau. Então a expectativa era de repetir o ato em 2015 e quem sabe chegar mais longe, mas é ai que a coisa desandou. Lembra que eu citei o Bauman? Então…

O time não havia draftado nenhum quarterback nos últimos sabe-se lá quantos anos, muito menos preparado alguém para assumir o rancho caso o nosso vaqueiro se machucasse. A nossa frustração foi fruto da nossa inabilidade de lidar com as nossas próprias escolhas. O ano de 2016 veio e para não dizer que não foi por falta de tentativa, acabamos draftando Dak Prescott no quarto round e os gritos de “O CAMPEÃO VOLTOU” já ecoavam desde a nossa primeira escolha no draft.

Mas vou ser sincero com vocês, o meu draft perfeito teria o atual starter dos Eagles lá pelo terceiro round. Contudo, fiquei feliz com a escolha do ex-jogador de Mississipi State. Era alguém que eu já havia flertado algumas vezes no NCAA 14 e pude acompanhar uma boa campanha durante os anos subsequentes na Southern East Conference.

Prescott surgiu como um novo Tim Tebow, jogador forte, rápido, que poderia correr entre as poderosas defesas da SEC. Trabalhando em um spread offense ele tinha todo o potencial para ser só mais um dual-threat quarterback. Mas com a chegada de Brian Johnson, ex-quarterback de Utah State e MVP do Sugar Bowl de 2009 contra Alabama, Dak teve uma atenção redobrada sobre as suas habilidades como signal caller e se tornou então o maior recordista da história de Mississipi State. Ele não apenas corria como propriedade, como também lançava como ninguém.

É aí que voltamos a falar do Bauman. O senhor polonês, diz que as relações humanas são muito parecidas com os nossos hábitos de consumo, onde o nosso apelo por escolhas que possam em um curtíssimo espaço de tempo serem trocadas por outras mais atualizadas e promissoras, dessa forma elas também comandam a nossa busca por “parceiros”. A lei do pegar e não se apegar se aplica explicitamente nessa ideia, onde entramos em novos relacionamentos, mas não fechamos as portas para outros que possam eventualmente se transformar em uma nova roupagem do antigo.

Como é que podemos seguir em frente, se nós continuamos com todas as inseguranças e incertezas que a ideia do Dak Prescott liderar o nosso time? Bauman também nos diz, que nós temos uma urgência de viver um relacionamento plenamente satisfatório, algo que os torcedores dos Cowboys não têm sentido há alguns anos. Aliado a incerteza do nosso novo relacionamento, com o término prematuro do anterior e as portas ainda abertas do mesmo, como deveríamos olhar para o nosso futuro?

Sem precisar ligar para o Walter Mercado (LIGUE DJÁ!), a única resposta concreta que podemos ter é: Não sabemos. Pelo que vimos durante a sua carreira no college football e os poucos primeiros jogos na pré-temporada, o nosso camisa 4 demonstrou qualidade no pocket, bom temperamento durante situações de pressão e um bom conjunto de braços e pernas para mover as correntes da primeira descida.

“QUE NÃO VAI DÁ O QUE”

Nicolas Bargiela

Torcedor dos Cowboys desde 2007. Espera todos os anos que o time drafte alguém dos Longhorns, ex-técnico e corneteiro, se gaba de ter visto o Pro Bowl.

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