Opinião

Fim de Temporada: A Janela Fechou?

A amarga derrota para o San Francisco 49ers na rodada do wild card dos playoffs da NFL trouxe à tona a discussão sobre o futuro do elenco.

Após alguns pesadelos e aquela dificuldade para levantar no dia seguinte à derrota na rodada de wild card contra o San Francisco 49ers, uma pergunta povoou a minha mente e tenho certeza que a da maioria dos torcedores do Dallas Cowboys: a janela desse time fechou?

Não estou falando das janelas do AT&T Stadium, que novamente estão em discussão após prejudicarem ao menos uma importante recepção no último jogo.

É da janela de Super Bowl desse elenco que refiro.

Esse é o maior dos questionamentos e, junto com a administração das perdas e ganhos do final dessa temporada, será certamente um grande ponto de interrogação até pelo menos setembro de 2022. Seguir tentando com o atual elenco ou reconstruir do zero para daqui alguns anos?

Se olharmos os pilares dos Cowboys, realmente vários jogadores estão indo para a sua fase final de alto rendimento esportivo.

Demarcus Lawrence, Ezekiel Elliott, Zach Martin, Tyron Smith e Amari Cooper – será que fica? – são os exemplos dessa sentença. Aliado à isso, teremos um período de transferências como há muito não víamos, com múltiplos jogadores em fim de contrato, sendo vários deles titulares absolutos de ótimo rendimento na(s) última(s) temporada(s).

A lista de jogadores que se tornarão free agents possui vinte e dois nomes, fora os possíveis cortes, sendo os mais importantes Dalton Schultz (TE), Randy Gregory (DE), Michael Gallup (WR), Cedrick Wilson (WR) e Jayron Kearse (S). Leighton Vander Esch (LB) e Connor Williams (G) também estão na lista, sendo que custaram escolhas altas de draft, uma primeira e uma segunda rodada respectivamente. No restante da lista, embora sem atletas de grande expressão, há outro titular e reservas imediatos.

Pouquíssimos desses 22 jogadores voltarão para a temporada de 2022. Para sedimentar essa questão, neste momento a franquia texana possui treze milhões negativos no salary cap projetado para 2022.

Nem falarei da comissão técnica (não acredito na saída de Mike McCarthy e quero muito que o Dan Quinn fique), já que até o presente momento tudo é incerteza, porém algumas mudanças quem sabe até possam ser produtivas.

Portanto, diante das incertezas sobre a evolução de Dak Prescott, do começo do fim do melhor rendimento esportivo dos pilares da equipe e do estrago que a free agency produzirá no elenco, a janela para o Super Bowl desse time se fechou e será necessário um rebuild completo ou ainda há espaço para esperanças entre os remanescentes?

Ao invés de ficar em cima do muro para dar o veredito no final do artigo, vou soltar logo a minha opinião e procurar sustentá-la: a janela não se fechou completamente.

Me baseio em três grandes argumentos para tal conclusão.

O primeiro é justamente o quarterback. Na NFC Leste, o único time que tem um franchise quarterback é o Dallas Cowboys com Dak Prescott.

Ele está sob contrato, que poderá ser reestruturado para gerar espaço e peças ao seu redor, bem como jogou 2021 após grave lesão no tornozelo (fratura exposta e luxação), somado a problemas no ombro na offseason que o tiraram dos jogos preparatórios e lesão muscular durante a temporada (que também custou ao menos uma partida e dificuldades de mobilidade que já vinham da fratura de 2020 pelo restante do ano).

Portanto, a figura central da equipe tem 28 anos, está sob contrato, é o melhor quarterback da divisão e tem espaço para crescimento físico e técnico (e até psicológico) depois de uma série de lesões que minaram seu rendimento.

Vamos combinar, havia grande incerteza se realmente Dak Prescott seria o titular na primeira semana em razão do sumiço durante as partidas de pré-temporada. De vez em quando vinha o comentário ‘acho que tem alguma coisa ali que não estão revelando’, sobre a condição física do quarterback.

O segundo aspecto diz respeito com os jogadores e o salary cap da equipe. Hoje os US$13 milhões negativos no limite salarial assustam, mas não acredito em grande dificuldade para geração de espaço. Aliás, as reestruturações salariais que, junto com os cortes, nos tirarão do buraco ocorrerão justamente entre os citados atletas pilares, mantendo eles novamente como a base da equipe. É a partir deles que será criado espaço para contratações e a própria formação do grupo. Podem me cobrar. Aliás, se o Los Angeles Rams consegue torcer magicamente os limites e se adequar ao salary cap, por que Dallas não?

Não estou falando de grandes renovações ou bombásticas aquisições na offseason – você torcedor já viu alguma vez isso ocorrer? – e não me surpreenderia com cortes de jogadores chave da equipe para gerar espaço, mas há plenas condições de formar um time competitivo.

E, em relação aos atletas pilares e com rendimento em declínio, eles ainda tem um gás (talvez para alguns o último, vide Tyron Smith e Ezekiel Elliott), mas ainda podem impactar no jogo. O mais difícil é deixá-los saudáveis fisicamente.

Por fim, o terceiro aspecto aponta para o exemplo de montagem do elenco em 2021 e a possibilidade de fazer o mesmo este ano.

Todas as equipes precisam de alguma forma se reinventar ano após ano na NFL. É o equilibrado sistema deles que torna tudo tão competitivo. Claro que algumas reconstruções são mais profundas, o que não é o caso que estou aqui tratando.

Dito isso, preciso fazer uma perguntinha para o atento leitor que chegou até aqui, você confiava no grupo que estava se formando no início da temporada de 2021?

Sério que acreditava?

Quando desembarcaram Jayron Kearse, Brent Urban e Carlos Watkins você pensou ‘fechou a defesa, próxima parada SuperBowl’? Desmontae Kazee, Keanu Neal e Malik Turner foram splash movements ou contratações aposta de recuperação de carreira?

Apertando mais um pouco a ferida enquanto vejo seu semblante franzido e desconfiado, questiono se você acreditava que Trevon Diggs – que decepcionou contra o 49ers – daria o salto técnico de 2020 para All-Pro em 2021? Que a classe de recrutados em 2021 geraria um All-Pro e um defensive lineman como Osa Odighizua já no primeiro ano? Que o Bryan Anger teria um foguete na chuteira?

A essa altura eu fico pensando em quantos jogos você apostou que Randy Gregory ficaria de fora por conta de suspensões…

Já vendo o seu olhar bem mais simpático a essas linhas, vou resumir perguntando se era possível crer que esse bando de desconhecidos e alguns decadentes sairia da pior defesa da história em 2020 para a atual, líder absoluta em turnovers na liga?

Eu poderia seguir nessa, só que já vi que fui compreendido nesse particular, citando apenas os mais cintilantes exemplos.

Ou seja, é possível formar um time ao lado do que se tem.

Em 2022, Trevon Diggs vai crescer mais, assim como Micah Parsons deverá ser ainda mais dominante em campo. A consistência de CeeDee Lamb tem a tendência de melhorar. Aos poucos será neles que veremos os pilares para formação da equipe.

Outros atletas dos drafts de 2020 e de 2021 provavelmente aparecerão dando o passo para a titularidade. Kelvin Joseph e Osa Odighizua são os maiores candidatos. Neville Gallimore poderá se consolidar. Nahshon Wright ou Chauncey Golston terão a chance de se tornar reservas imediatos com algum impacto. Jabril Cox recuperado será interessante de observar.

É até natural que coisas como essas ocorram. O que eu quero afirmar é que o panorama não é tão ruim para 2022 ou tão diferente do que se via no início de 2021.

O mesmo tipo de adição de atletas em 2021 poderá ocorrer nesta temporada. Precisa competência!

Olhando para trás eu vejo que Dallas teve muita sorte no aspecto lesões em 2021 e precisava ter aproveitado isso melhor. Não é todo ano que a equipe escapa de ser pesadamente fragilizada nesse campo. Fora a simbiose do grupo, a liga, o tal do mojo. Essa coisa apareceu em muitos momentos em 2021.

Todavia, time mesmo, grupo de atletas, embora equilibrado e muito bom, não era postulante a Super Bowl em agosto de forma alguma.

O draft e a offseason de 2021 foram exclusivamente de defesa, que realmente precisava ser consertada. Alguém tem dúvidas que nesta temporada o foco será o ataque – arrumar a linha ofensiva – ou pelo menos mais equilibrado?

E se algum calouro de primeira rodada (impacto que se espera e vem ocorrendo nos últimos anos) e mais outro do segundo dia ajeitar nossa linha e um pouco mais do ataque? Seria um filme muito diferente de 2021 ou só mudaria o lado da bola?

Enfim, confesso ter um pensamento otimista. Numa boa, foge tanto da realidade do início de 2021? O negócio todo é competência. Base existe e com bons jogadores para crescimento.

Se tudo isso der errado em 2022, aí meus amigos, será o fim de linha para alguns daqueles pilares mais antigos. Mas, por enquanto, é focar no presente.

Saudações e Go Cowboys!

PS – pelo amor de todos os santos, tragam um kicker novo e chutem pra bem longe o The Leg.


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Diego Barros

Torcedor do Dallas escondido no velho oeste do Rio Grande do Sul. Veterano na torcida desde a década de 90, louco para recuperar o Lombardi.

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