Opinião

As 3 jogadas que mudaram a partida contra Green Bay

No último domingo, o Dallas Cowboys enfrentou o Green Bay Packers em casa e saiu derrotado, por 34×24. Você pode dizer que o ataque não entrou em campo no primeiro tempo, que nosso head coach foi emocional na única hora que não deveria ser ou que a defesa terrestre estava perdida em campo ou, pra finalizar, que o nosso kicker é um incompetente e deveria ser demitido. E, em certa medida, você não estaria errado.

Ainda assim, não acho que o Cowboys jogou de todo mal. O ataque avançou bem em várias campanhas, mesmo no primeiro tempo e, no segundo, mesmo quando previsivelmente se tornou um ataque aéreo, foi eficiente e pontuou. A defesa impediu uma grande partida do quarterback adversário Aaron Rodgers que, quando conseguiu avanços, foi com passes extremamente precisos. Além disso, os sacks conseguidos foram muito mérito da cobertura, que não deu opções para Rodgers senão o chão.

E, com tudo isso, Dallas ainda não conseguiu uma vitória. Por que? Aqui vão 3 lances que penderam o momento da partida e, possivelmente, definiram o jogo a favor dos visitantes.

  • 1º quarto, 10:40 restantes, Cowboys 0x0 Packers:

Após um bom momento defensivo, o ataque do Packers havia saído de campo sem alcançar uma primeira descida sequer. O ataque de Dallas emplacou duas grandes jogadas com uma conexão de 23 jardas de Dak Prescott para Amari Cooper em um play action e, logo em seguida, uma corrida pelo meio de Ezekiel Elliott para 12 jardas. Tudo isso resultou em um bom ritmo ofensivo e já na linha de 38 jardas de ataque.

Nesse momento, em uma 1ª descida para 10, Dak lançou outro passe fundo após um play action, novamente para Cooper, que estava completamente livre. O passe veio um pouco atrás e a bola espirrou ao bater no recebedor (que conseguiu colocar ambas as mãos na bola e deveria ter feito a recepção), eventualmente caindo no colo do cornerback Jaire Alexander para uma interceptação fácil e retorno até o território do Cowboys. Se o passe fosse completo para Cooper, o Cowboys teria a bola perto da linha de 15 de ataque para, com o jogo corrido fluindo, provavelmente abrir 7×0 no placar. Ao invés disso, a bola foi para os visitantes e, dessa posse, resultou o primeiro touchdown da partida para os Packers e, a partir daí, o moral do time da casa se abalou muito. Inclusive, Erin Andrews, a repórter de campo da transmissora americana, reportou que o time estava completamente apático na lateral.

  • 3º quarto, 05:16 restantes, Cowboys 3×24 Packers:

Com o jogo já quase fora de alcance para Dallas, Green Bay decidiu arriscar um pouco e, em uma 1ª descida para 10 da linha de 36 de defesa, Rodgers lançou um passe longo na direção de seu recebedor Valdes-Scantling, que era marcado pelo cornerback Anthony Brown. O passe veio atrás do alvo e acertou as costas de Brown, que estava longe de seu adversário. Os juízes marcaram uma falta por interferência de passe, o que avançou a bola 41 jardas para os Packers e os deixou perto da red zone.

Jason Garrett (assim como quem vos escreve) entendeu que não foi falta e, aderindo à mais recente mudança de regra, optou por desafiar a chamada da arbitragem. Os juízes revisaram a jogada e mantiveram a chamada de campo. O Packers então prosseguiria com sua campanha após o grande avanço e chegaria a mais um touchdown, ampliando a diferença no placar para 28 pontos. Mas, talvez mais do que os 7 pontos cedidos, a perda do timeout e (mais surpreendentemente) do desafio custariam muito caro para Dallas no final do jogo.

  • 4º quarto, 10:29 restantes, Cowboys 17×31:

A defesa do Cowboys havia acabado de fazer um ótimo trabalho e havia forçado Green Bay a devolver a bola. Dallas estava de volta no jogo. Na primeira jogada do ataque do Cowboys, Prescott buscou o wide receiver Michael Gallup à sua direita em uma rota curl, mas o recebedor não estava onde Dak esperava. E isso provavelmente se deve a todo o contato que o número 13 sofreu durante a sua rota.

Já que Gallup não estava lá, o defensor Kevin King estava e interceptou a bola, o que deixou o Packers já em posição de chutar um field goal e colocar a diferença no placar em três posses de bola, além de gastar mais alguns minutos preciosos no relógio. Caso o Cowboys mantivesse a posse nesse momento e o ritmo em que estava o ataque – havia pontuado com 1 FG e 2 TD nas últimas três campanhas e a defesa de Green Bay não parecia ter respostas para isso – era bem provável que o ataque chegasse à end zone nos próximos 4 minutos, deixando a desvantagem em apenas 7 pontos, com 2 timeouts e tempo de sobra para a defesa recuperar a bola e entregá-la nas mãos do ataque texano para a campanha do empate milagroso.

Entretanto, isso nunca ocorreu. A interceptação foi mantida. E aposto que Garrett gostaria muito, mas muito mesmo, de ter desafiado a não marcação de uma falta por interferência de passe ali. Mas não pôde. Havia gasto seu segundo (e último) desafio do jogo para reverter uma chamada errada da arbitragem no fim do terceiro quarto, quando Cooper recebeu um belo passe para 27 jardas perto da lateral, mas a marcação em campo foi de passe incompleto.

O Cowboys não teve uma partida péssima. Teve momentos bem ruins, como a segunda interceptação de Dak Prescott ou a apatia da defesa, que permitiu os 4 touchdowns terrestres de Green Bay. Ainda assim, acho que, se qualquer um dos momentos acima tivesse favorecido o time da casa e não o contrário, Dallas teria saído do AT&T Stadium com uma vitória e um sorriso no rosto.


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Guilherme Ludescher

Estudante de engenharia de computação e amante de futebol americano de todos os jeitos: no videogame, na TV e em campo.

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