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OPINIÃO | Dá pra sonhar!

Quando a temporada começou, era difícil imaginar o Dallas Cowboys indo longe nos playoffs. O clube havia perdido peças importantes – Dez Bryant, Jason Witten, Anthony Hitchens – e não tinha encontrado meios de preencher essas vagas. O quarterback Dak Prescott vinha de uma temporada em que foi muito criticado. E, para piorar, o Cowboys enfrentaria duas vezes o campeão do Super Bowl, Philadelphia Eagles. A temporada parecia fadada à mediocridade.

Já em setembro, as deficiências no grupo de recebedores e tight ends ficaram evidentes em um ataque que não conseguia produzir com eficiência. Quando o time chegou a 5 derrotas em 8 jogos, estando dois jogos atrás do líder da divisão, muitos torcedores perderam as esperanças.

Mas hoje, após a semana de Wild Card, ainda estou escrevendo sobre a temporada de 2018, em vez de estar pensando no próximo draft. Uma grande mudança tomou conta do time. As coisas começaram a funcionar e o time passou a jogar melhor. Após uma vitória consistente nos playoffs, é difícil não sonhar com uma ida ao Super Bowl. Não acredita? Vou tentar te convencer.

 

Um ataque em pleno crescimento

O começo da temporada do ataque do Cowboys foi desastroso. Prescott não tinha alvos livres e sofreu muitos sacks. A linha ofensiva não parecia em nada com a dos últimos anos sem seu center titular e capitão, Travis Frederick. Além disso, o novo esquema imposto pelo recém-chegado técnico de linha ofensiva, Paul Alexander, não estava sendo eficiente.

Após a derrota para os Redskins na semana 7, durante o bye, a gerência decidiu mudar algumas coisas. Alexander foi demitido e Marc Colombo assumiu o cargo. Em uma troca muito contestada na época, o Cowboys recebeu o wide receiver Amari Cooper, do Raiders, em troca de uma escolha de primeira rodada.

Essas mudanças melhoraram muito o ataque de Dallas, como pode ser visto pelos números de Dak antes e depois da troca.

Dak Prescott   Jogos    TDs   Ints    Jds/jogo    Comp %    Rating 
Sem Cooper
(Semanas 1-7)
7 8 4 202 62,1% 87,38
Com Cooper
(Semana 9-Wild Card) 
10 15 5 269 70,8% 101,16

 

Desde então, o Cowboys ganhou 8 de seus 10 jogos, incluindo a rodada de Wild Card contra o Seattle Seahawks. Além disso, se ignorarmos o trágico jogo contra o Colts, em que o ataque saiu zerado de campo, desde a semana 14, o ataque produziu 29, 27 e 36 pontos, o que representa um enorme avanço em relação ao começo da temporada.

Além disso, por incrível que pareça, os 24 pontos anotados pelo Cowboys no jogo de playoff contra Seattle foram a maior marca do fim de semana.

 

A melhor defesa

Não é nenhum absurdo afirmar que o Cowboys tem a melhor defesa dentre os times que ainda disputam o título da temporada, já que as outras grandes defesas – Ravens, Bears e Texans – foram eliminadas no Wild Card. Entre os 8 times ainda vivos, Dallas tem a melhor marca em jardas (329/jogo) e pontos cedidos (20,2/jogo). Outro número impressionante são as 3,8 jardas cedidas por corrida, 4ª melhor em toda a NFL durante a temporada regular. A intensidade e agressividade em campo que levam a esses números são muito presentes nos Cowboys.

Essa defesa foi excelente no primeiro jogo dos playoffs, cedendo apenas 73 jardas terrestres para o ataque de Seattle, que tinha, em média, 160 jardas terrestres por jogo durante a temporada, melhor marca da liga. Além disso, permitiu que o Seahawks convertesse apenas 15% de suas tentativas de terceira descida. As 299 jardas totais cedidas são uma boa marca, especialmente quando se considera que 75 saíram na última campanha do time visitante, quando a defesa relaxou por estar à frente no placar.

Logicamente, há outras defesas boas ainda na disputa: O Indianapolis Colts, que deixou o ataque do Cowboys zerado na semana 15, o New Orleans Saints, que tem a melhor defesa terrestre da liga e o Los Angeles Chargers, que cedeu apenas 20,6 pontos por jogo. Mesmo assim, os defensores do Cowboys, comandados pelos excelentes técnicos Kris Richard e Rod Marinelli, formam provavelmente a melhor defesa ainda viva no campeonato.

“Ataques ganham jogos, defesas ganham campeonatos.”

 

O momento e os confrontos

Dallas está vivendo um grande momento na temporada. O time venceu 8 de seus últimos 9 jogos e vem embalado de uma vitória sobre o forte time do Seahawks. Por sorte, não dá pra dizer o mesmo do Los Angeles Rams, adversário do próximo sábado na rodada divisional dos playoffs.

Desde seu descanso na semana 12, o Rams tem apenas 3 vitórias em 5 jogos. E essas vitórias ocorreram contra times já desclassificados, alguns dos piores da liga: Lions, 49ers e Cardinals, que somados, acumulam 13 vitórias na temporada. Quando se pensa em um time que terminou a temporada 13-3, isso é uma fase péssima. Nesse período de 5 jogos, o quarterback de LA, Jared Goff, teve números bem ruins: 6 touchdowns, 6 interceptações, completou apenas 58,9% de seus passes e teve um rating de 74,8.

Agora pensando nos confrontos, o ataque do Rams é muito focado em seu running back Todd Gurley. No geral, o time ficou em 3º na liga no jogo terrestre, com 139 jardas por jogo. Em sua última partida, a defesa do Cowboys brilhou e parou o melhor ataque corrido da NFL. Se tiver uma performance semelhante, pode estagnar o ataque de Los Angeles, que já não conta com Cooper Kupp, seu principal recebedor, por conta de uma lesão.

No outro lado da bola, o ataque do Cowboys também se apoia muito no jogo corrido com Ezekiel Elliott, que liderou a liga em jardas terrestres, com 1434 em 15 jogos. No entanto, a defesa do Rams talvez não tenha uma resposta para isso, já que foi apenas a 23ª em jardas cedidas por terra na temporada.

Mais adiante, caso passe para a final da NFC, o Cowboys enfrentaria Philadelphia Eagles ou New Orleans Saints. Na temporada regular, o time texano ganhou os dois jogos que teve contra o Eagles e acabou com a série de 10 vitórias consecutivas do Saints em um jogo em que a defesa foi sensacional. Tudo bem que se o adversário for New Orleans, jogar no Superdome não é nada fácil. Mas, se Philadelphia avançar, o jogo será em casa, no AT&T Stadium, onde o Cowboys está 8-1 nesta temporada.

Pode ser que tudo que escrevi aqui caia por terra no sábado, caso o Cowboys perca. Mas, por mais que o Cowboys seja uma “zebra” daqui pra frente, há motivos para acreditar. Só nos resta torcer.

Ah, uma bold prediction de brinde: Zeke anota mais de 140 jardas terrestres enquanto Gurley não chega nas 70.

Go, Cowboys!

Guilherme Ludescher

Estudante de engenharia de computação e amante de futebol americano de todos os jeitos: no videogame, na TV e em campo.

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