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Conheça o novo técnico de wide receivers e seu plano para o Dallas Cowboys

O amor de Sanjay Lal por futebol americano começou tão inocentemente quanto para qualquer outro estudante de ensino fundamental sob o sol do Texas nos quintais de Plano.

Sua paixão pelos Cowboys, no entanto, não começou tão inofensivamente.

Lal, o novo técnico de recebedores que tem a missão de reconstruir a unidade sem Dez Bryant, se mudou para os Estados Unidos com a sua família na década de 80, para a cidade de Plano no Texas.

Um dos primeiros técnicos na NFL de descendência indiana, ele nasceu na Inglaterra e também morou no Iran, no Kuwait e no México antes de atender a Haggard Middle School em Plano.

Lal disse que sua primeira experiência nos Estados Unidos foi um verdadeiro choque cultural.

“Foi bastante,” disse ele sorrindo. “Você pode imaginar. Eu não preciso te contar nenhuma história.”

Quando pressionado um pouco mais, Lal lembrou de uma história sobre os seus primeiros dias no Texas.

“Tem uma engraçada, eu não sabia nada sobre moda nem nada, eu apenas ia para a escola,” disse ele. “Mas minha mãe me levou à Sears para comprar algumas roupas para a escola, e eu vi uma calça jeans dos Cowboys que tinha o símbolo dos Cowboys atrás. Eu pensei ‘se eu comprar isso meus colegas vão gostar de mim no primeiro dia’.

“Bom, aquela foi a escolha errada. Eles não gostaram da calça e praticamente me mataram por isso. Pelo menos eu fui enturmado fácil.”

Lal disse que seu interesse pelos Cowboys cresceu rapidamente – apesar do episódio da calça – e ele sempre admirou a franquia por ser administrada de forma familiar.

Agora ele é parte de tudo isso. Contratado em janeiro para substituir Derek Dooley, que deixou o time após cinco anos para se tornar o coordenador ofensivo de Missouri.

O dono dos Cowboys, Jerry Jones, disse que está menos preocupado com a reformulação do grupo de recebedores por causa de Lal, que foi contratado com a reputação de um dos melhores gurus de rota da liga.

“Ele é realmente um achado para nós,” disse Jones. “Ele foi um dos técnicos assistentes mais procurados na offseason que eu já vi.”

O pai de Lal, um analista de de sistemas, nasceu na Tanzânia, e se mudou para a Índia com sua família quando tinha 17 anos. Seu pai conheceu sua mãe, uma professora do método Montessori, na Índia, e eles se mudaram para Londres após se casarem. As muitas viagens de Lal o ajudaram a se tornar poliglota. Em diferentes épocas da vida ele já falou espanhol, hindi e entendia árabe.

“Minha família não tinha nenhum histórico no futebol americano,” disse Lal. “Eu acho que eles nem sabiam o que era até eu começar a jogar. Quando chegamos a Plano, eu jogava nos quintais das casas. Nós jogávamos todos os dias. Eu comecei a ler sobre todos os jogadores e simplesmente me apaixonei pelo esporte. E eu conseguir segurar a bola, então eles gostaram de mim.”

Após três anos em Plano, Lal se mudou com sua família para a California e terminou o ensino médio lá.

Lal conhece as nuances da posição de recebedor por que ele já jogou a posição. Ele entrou sem uma bolsa de atleta em UCLA e foi membro do time dos Bruins que ganhou o Cotton Bowl em 1989. Ele então se transferiu para Washington, onde jogou pelos Huskies de 1990 até 1992. Ele fez parte do time campeão nacional em 1992 e jogou em dois Rose Bowls. Sua carreira universitária foi o suficiente para ele ser introduzido ao Hall da Fama dos Huskies.

Lal se formou em administração em Washington em 1993, e foi convidado para o training camp dos Raiders. Ele também passou um tempo com o St. Louis Rams antes de suas lesões acabarem com suas chances de uma carreira no profissional.

Lal passou 11 anos treinando no high school e no college antes dos Raiders darem a ele sua primeira oportunidade como técnico de controle de qualidade ofensiva em 2007.

Dois anos depois, os Raiders transformaram Lal em seu técnico de recebedores. De 2012 a 2014 ele foi o técnico de recebedores dos Jets, de 2015 a 2016 ele treinou os recebedores dos Bills, e em 2017, antes de se juntar aos Cowboys, ele foi o técnico de recebedores dos Colts.

A abordagem de Lal para a posição de técnico é uma mistura do trabalho de seus pais, calculado e detalhado, além dele ser um professor nato.

Lal se preocupa com os mais finos detalhes das rotas, de como se alinhar da forma correta até encontrar a profundidade certa para maximizar sua vantagem ou para esconder uma quebra de rota.

“É uma coreografia,” disse Lal sobre correr rotas. “Se você tem um caminho livre, você não pode estar pensando sobre jardas e profundidade. Isso já deve estar fixado em sua mente. Nós estamos trabalhando no nosso footwork, nos ângulos, na distância que os pés se separam na quebra da rota, onde nossos ombros estão, para onde nossos olhos estão direcionados, e você tem que treinar essas minúcias, ou então isso não acontece.”

“Nós filmamos de muitos ângulos diferentes, e nós vamos à sala de filmes e vemos as gravações. Nós dissemos, ‘Ei, seu pé esquerdo estava apontado para o lado errado. Se você virar seu pé um pouco para dentro você sairá da rota mais eficientemente.’ Então, explicar tudo isso para esses recebedores, e ensiná-los a entender as vantagens, o quanto se deve baixar os quadris para não perder velocidade … ensinar a parte física de tudo isso. Quando se aprende a corrigir a si mesmo, então você tem uma boa chance.

Os novos recebedores do time, Allen Hurns e Tavon Austin disseram que já se agradaram muito de Lal por ser tão detalhado e por seu estilo de ensino. Austin disse que ele é um dos recebedores que Lal já está trabalhando para posicionar seus pés de forma correta na hora de alinhar.

“Ele é muito preciso no que ele quer,” disse Austin. “Ele está sempre tentando nos ajudar ao nos dar ferramentas para ficarmos livres. Então eu definitivamente gosto dele. Ele não apenas te fala, ele te mostra. Ele nos mostra cada passo certo e cada passo errado. Eu estou amando ele.”

Lal disse que avaliou todos os recebedores dos Cowboys em 2017 antes de ser contratado, analisando todos os pontos fortes e pontos fracos de cada um.

“Meu objetivo, e eu me orgulho disso, ‘Eles dizem que ele não consegue correr essa rota,’” disse Lal. “Bom, esse não será mais o caso. Nós vamos treinar, e ele vai conseguir correr uma comeback mesmo que digam que ele não consegue.”

Lal disse que não quer excluir nenhum wide receiver.

“Eu não quero, por que eu sempre era excluído,” disse Lal. “E eu não gostava disso, eu lutava com isso. Eles me disseram que eu não conseguiria nada: ‘Você não pode jogar, você não pode treinar, você não pode fazer nada. O que você está pensando?’ Então eu estava tipo, ‘Eu sei o que eu estou fazendo.’ “

Lal já impressionou o coordenador ofensivo dos Cowboys, Scott Linehan.

“Eu já consigo ver muitas coisas acontecendo que são impacto direto do que ele está ensinando,” disse Linehan. “Ele entende a posição. Ele a jogou. Ele era um daqueles caras que tinha que tirar o máximo de suas próprias habilidades. Ele vê isso nos jogadores que tem mais habilidade ainda. Ele tem sido ótimo.”

Esse é o quarto time de Lal em cinco anos na NFL, mas ele diz que está exatamente onde quer estar.

“Tem sido um sonho treinar com esse time,” disse Lal. “Eu sempre quis trabalhar aqui. Foi uma escolha fácil. Tem sido um prazer.”

Fonte
Dallas Morning News

Rafael Loureiro

Calouro, vindo de Santa Maria-RS, 18 anos, 6' 157 lbs e escolheu não correr o 40 yard dash. Viciado em NFL e apaixonado pelo Dallas Cowboys, agora compõe a equipe do Blue Star Brasil.

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