DraftOpinião

Fugindo do óbvio: e se não selecionássemos na primeira rodada?

Quando se fala de Draft, automaticamente vem a mente a estratégia que cada time usará para a primeira rodada. E não é para menos: é nela que se concentram os melhores jogadores de cada recrutamento. São os jogadores que mais brilharam no futebol americano universitário e os que tem mais potencial para brilhar na liga profissional.

Mas e se o Dallas Cowboys abrir mão disso?

A ideia, que pode parecer absurda para alguns, passa a fazer sentido ao olhar os cenários das rodadas seguintes. Depois da 19ª escolha geral, o Cowboys só voltaria a selecionar na 18ª posição da segunda rodada, a 50ª escolha geral. Dito isso, a estratégia de acumular escolhas no segundo dia pode render bons frutos.

Na década de 90, o então técnico do Dallas Cowboys, Jimmy Johnson, desenvolveu uma lista onde ele dava pontos para cada escolha do Draft. Isso facilitava qualquer tipo de troca, já que bastava somar os pontos das escolhas que estavam sendo cobradas e comparar com os pontos das escolhas que seriam recebidas. Dependendo da situação, a escolha seria aceita ou não.

Dê uma olhada na tabela com as pontuações abaixo:

1ª Rodada 2ª Rodada 3ª Rodada 4ª Rodada 5ª Rodada 6ª Rodada 7ª Rodada
1 3000 33 580 65 265 97 112 129 43 161 27 193 14,2
2 2600 34 560 66 260 98 108 130 42 162 26,6 194 13,8
3 2200 35 550 67 255 99 104 131 41 163 26,2 195 13,4
4 1800 36 540 68 250 100 100 132 40 164 25,8 196 13
5 1700 37 530 69 245 101 96 133 39,5 165 25,4 197 12,6
6 1600 38 520 70 240 102 92 134 39 166 25 198 12,2
7 1500 39 510 71 235 103 88 135 38,5 167 24,6 199 11,8
8 1400 40 500 72 230 104 86 136 38 168 24,2 200 11,4
9 1350 41 490 73 225 105 84 137 37,5 169 23,8 201 11
10 1300 42 480 74 220 106 82 138 37 170 23,4 202 10,6
11 1250 43 470 75 215 107 80 139 36,5 171 23 203 10,2
12 1200 44 460 76 210 108 78 140 36 172 22,6 204 9,8
13 1150 45 450 77 205 109 76 141 35,5 173 22,2 205 9,4
14 1100 46 440 78 200 110 74 142 35 174 21,8 206 9
15 1050 47 430 79 195 111 72 143 34,5 175 21,4 207 8,6
16 1000 48 420 80 190 112 70 144 34 176 21 208 8,2
17 950 49 410 81 185 113 68 145 33,5 177 20,6 209 7,8
18 900 50 400 82 180 114 66 146 33 178 20,2 210 7,4
19 875 51 390 83 175 115 64 147 32,6 179 19,8 211 7
20 850 52 380 84 170 116 62 148 32,2 180 19,4 212 6,6
21 800 53 370 85 165 117 60 149 31,8 181 19 213 6,2
22 780 54 360 86 160 118 58 150 31,4 182 18,6 214 5,8
23 760 55 350 87 155 119 56 151 31 183 18,2 215 5,4
24 740 56 340 88 150 120 54 152 30,6 184 17,8 216 5
25 720 57 330 89 145 121 52 153 30,2 185 17,4 217 4,6
26 700 58 320 90 140 122 50 154 29,8 186 17 218 4,2
27 680 59 310 91 136 123 49 155 29,4 187 16,6 219 3,8
28 660 60 300 92 132 124 48 156 29 188 16,2 220 3,4
29 640 61 292 93 128 125 47 157 28,6 189 15,8 221 3
30 620 62 284 94 124 126 46 158 28,2 190 15,4 222 2,6
31 600 63 276 95 120 127 45 159 27,8 191 15 223 2,3
32 590 64 270 96 116 128 44 160 27,4 192 14,6 224 2

 

Se você ainda não entendeu a tabela, não se preocupe. No cabeçalho, em azul claro, são as rodadas de cada escolha. Nas colunas em cinza e em negrito, são o número das escolhas, enquanto as colunas em branco são as pontuações de cada escolha. Apesar da tabela estar defasada diante da existência e da possibilidade de trocar as escolhas compensatórias, ela ainda é um ótimo parâmetro para avaliar o peso de cada escolha.

A 19ª escolha geral, a primeira escolha do Dallas Cowboys, equivale a 900 pontos. O Cleveland Browns, por exemplo, possui a 33ª (580 pontos) e a 35ª (550 pontos), e poderia estar disposto a trocá-las para voltar a primeira rodada. Apesar da soma das duas escolhas (1130 pontos) dar mais que os 900 pontos da escolha do Dallas Cowboys, nada impediria que o Browns desse somente uma delas, a 64ª escolha geral (270 pontos) e a 114ª (66 pontos), por exemplo. Isso daria ao Cowboys um total de três escolhas de segunda rodada, uma escolha de terceira rodada e três escolhas de quarta rodada. Escolhas o suficiente para reforçar vários setores com jogadores de qualidade.

Nessa estratégia, por exemplo, o Dallas Cowboys poderia inclusive usar as escolhas extras de quarta rodada para subir na terceira rodada, podendo pegar por exemplo um jogador de projeção de segunda rodada, mas que tenha caído para a terceira. A soma da escolha de terceira rodada do Dallas Cowboys com alguma das escolhas de quarta rodada daria por volta de 250 pontos, o suficiente para estar entre as cinco primeiras escolhas da rodada de número três.

Considerando o histórico recente de jogadores selecionados pelo Time da América na terceira rodada (Jourdan Lewis e Maliek Collins), seriam no mínimo mais dois jogadores de terceira rodada e outros três na segunda rodada, todos com capacidade de ser, no mínimo, titulares. Nada mal, não é mesmo?

Apesar da desvantagem do jogador a ser selecionado não ter a possibilidade de quinto ano de contrato — reservado somente para jogadores selecionados na primeira rodada –, a estratégia permitira ao Cowboys um número maior de jogadores com potencial do que apenas um com um potencial maior que o dos outros.

Para que um cenário desse pudesse acontecer, o Dallas Cowboys precisa estar insatisfeito com os jogadores que estariam disponíveis em sua escolha. O que é melhor: trocar a escolha e sair da primeira rodada acumulando outras escolhas ou selecionar um jogador na primeira rodada no qual você não gosta? A resposta parece óbvia para mim.

Ainda poderíamos cogitar o time voltar para a primeira rodada, por exemplo. Com mais de uma escolha de segunda rodada, por exemplo, o time pode observar os jogadores que estiverem chegando nas últimas escolhas da rodada principal e optar por não pagar para ver se ele chega na escolha de segunda rodada: basta fazer uma outra troca, dessa vez bem mais em conta, para subir das primeiras escolhas da segunda rodada para uma das últimas da primeira rodada e assim selecionar o jogador que o time quer naquela posição e garantindo seu quinto ano de contrato.

Independente de ser provável ou não, a estratégia pode ser útil para um time que quer montar uma base para médio e longo prazo, visando que precisará de jogadores mais baratos quando Dak Prescott e Ezekiel Elliott forem renovar seus contratos. E você, o que acha?

 

Gabriel Plat

Curte NFL por escolha e o Dallas Cowboys por amor. Aprecia a boa música e compartilha outro sofrimento: o Botafogo. Um dos participantes do podcast.

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