DraftOpinião

Escolher um wide receiver na primeira rodada faz sentido?

Desde que chegamos ao fim da temporada de 2017, começou-se uma série de dúvidas rondando uma posição que até certo ponto no passado era inquestionável. Antes tendo um alto desempenho e fazendo valer cada centavo de seus contratos, os wide receivers tiveram uma queda de desempenho considerável.

Dez Bryant, principal jogador da posição, não alcança a marca de 1.000 jardas recebidas em uma temporada desde 2014. Seu número de touchdowns totais entrou em declínio total: foram apenas 17 TDs somados nas últimas três temporadas, apenas um a mais do que ele conseguiu somente no ano de 2014. Terrance Williams, ameaça do lado oposto ao de Dez, não anotou um touchdown sequer em 2017, enquanto seu número de jardas totais foi o pior da carreira. Até Cole Beasley, destaque em 2016, não teve um jogo sequer com mais de quatro recepções.

Diante de tudo isso, ficou claro para o Dallas Cowboys que a melhora do setor passa por trazer novos jogadores. Na Free Agency, o Time da América foi atrás de dois reforços na posição: Deonte Thompson, ex-Buffalo Bills, e Allen Hurns, ex-Jacksonville Jaguars. Enquanto Thompson veio com a possibilidade de substituir Brice Butler em jogadas de profundidade, Hurns veio complementar Dez Bryant.

Diante desse elenco, é mesmo lógico ir atrás de um wide receiver já na primeira rodada?

Considerando Dez Bryant como WR1, Allen Hurns e Terrance Williams disputando a vaga de WR2, Cole Beasley e Ryan Switzer dividindo snaps como WR3 e Deonte Thompson e Noah Brown disputando a posição de WR4, a resposta é não. Como podem ver, há um número grande de jogadores na posição e não faria sentido saturá-la com outro jogador podendo usar a alta escolha para selecionar prospectos de outras posições de maiores necessidades.

O único jeito de fazer sentido a escolha de um recebedor já na primeira rodada é considerando a seguinte afirmação como verdadeira: O Dallas Cowboys não confia no atual setor a médio e/ou longo prazo.

Para 2019, Cole Beasley não terá mais contrato, assim como o próprio Deonte Thompson. Além dos dois, o ano que vem deixa os contratos de Allen Hurns e Terrance Williams vantajosos para serem rescindidos caso o time queira. O mesmo vale para Dez Bryant, que não deverá ter mais a paciência da diretoria caso renda abaixo por outro ano, mesmo sendo um dos mais bem pagos de todo o plantel.

Agora imaginem um elenco sem essas peças. Como o time deveria lidar sem mais nenhum recebedor confiável (Switzer e Brown que me perdoem, mas eles não são a solução para o setor a médio/longo prazo)? A resposta é justamente o Draft.

Selecionando um wide receiver na primeira rodada, você garante uma solução para os anos que estão por vir. Caso dê tudo errado e o time abra mão de todos os recebedores citados, ainda assim teríamos um jogador com qualidade técnica o suficiente para ser o ponto chave de Dak Prescott no jogo aéreo.

De acordo com o pessoal do On The Clock Brasil no ótimo guia feito por eles, três wide receivers tem qualidade técnica para serem selecionados na primeira rodada: Calvin Ridley (Alabama), DJ Moore (Maryland) e Courtland Sutton (SMU). Por mais que a projeção dos três seja a mesma, cada um deles tem uma característica bem diferente do outro.

Calvin Ridley, de acordo com o próprio On The Clock Brasil, é um jogador com ótima separação e um dos melhores corredores de rota não só da classe de 2018, como também dos últimos anos. DJ Moore é um jogador mais dinâmico, podendo se alinhar de diversas maneiras diferentes, além de ter grande velocidade. Por fim, Courtland Sutton é um jogador mais alto e mais forte, se tornando uma forte ameaça na red zone. Sutton, que já se disse fã do Cowboys, compara seu estilo de jogo ao de Terrell Owens.

Apesar de possuírem tipos de jogo diferentes, os três podem ser parte de uma solução que o Dallas Cowboys quer encontrar para seu time nos próximos anos. Se a ideia do time é tentar substituir Dez Bryant, então Sutton pode acabar sendo a melhor opção por ter características mais parecidas. Já se o time quiser complementá-lo, Calvin Ridley e DJ Moore talvez se encaixem melhor no esquema. Isso é claro, não considerando outros bons recebedores que podem ser escolhidos nas rodadas seguintes.

Pelo número de recebedores que foram entrevistados e visitaram o time, é possível que o front office não esteja confiando no atual elenco. Na humilde opinião de quem vos escreve, a ideia de selecionar um wide receiver na primeira rodada não me agrada. E vocês, o que acham?

Gabriel Plat

Curte NFL por escolha e o Dallas Cowboys por amor. Aprecia a boa música e compartilha outro sofrimento: o Botafogo. Um dos participantes do podcast.

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