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OPINIÃO | Os protestos na NFL não tem a ver com desrespeito ao país

A opinião apresentada no texto abaixo não representa o site, e sim apenas a opinião do autor

Foi Alton Sterling quem começou tudo. Foi em 5 de julho de 2016. Foram seis tiros. Foram dois polícias. Foi um negro.

Já dizia Renato Russo: “Cuidado, pessoal, lá vem vindo a veraneio / toda pintada de preto, branco, cinza e vermelho / com números do lado, dentro dois ou três tarados / assassinos armados, uniformizados”.

E ela veio. Matou. E, infelizmente, continua matando.

Com uma arma na mão, eles colocaram fogo no país. Mas é verdade, não vai ter problema nenhum, eles estão do lado da lei.

Assassinos.

Eric Garner. Amadou Diallo. Manuel Loggins Jr. Ronald Madison. Kendra James. Sean Bell. Michael Brown. Alton Sterling.

Todos assassinados pela brutalidade da polícia e sentenciados à morte por serem negros.

Eles poderiam se chamar Colin Kaepernick, Dez Bryant, Odell Beckham Jr, Julio Jones, Richard Sherman, Eric Reid. Ou você pode escolher qualquer jogador negro da NFL.

Colin Kaepernick e Eric Reid decidiram começar um protesto pacífico contra os assassinatos em massa de afro-americanos.

Mas você já deve ter ouvido a expressão “nossa, mas essas duas torcidas organizadas brigando por futebol?! É só um esporte.”

Bom, não. Não é só um esporte.

Futebol, como futebol americano, é um esporte e uma plataforma para que aqueles que participam dessa instituição tenham uma voz.

Vamos deixar as coisas claras desde o começo: O PROTESTO É SOBRE DESIGUALDADE RACIAL.

O protesto é sobre um país que se gaba ser o melhor do mundo, mas que continua assassinando negros pelo simples fato deles serem negros.

E para aqueles que acham que isso é “coisa de americano”, basta conversar com moradores das comunidades do Rio de Janeiro, principalmente. Conversem.

Algumas pessoas se esquecem que todos os jogadores são cidadãos antes de serem atletas profissionais. Eles tem vozes. São os negros dos guetos dos EUA que conseguem, hoje, gritar. Tentar calar e esconder o problema racial que existe nos EUA é querer, novamente, tirar o direito constitucional mais importante dos americanos: a liberdade de expressão.

A verdade é que nenhum protesto contra um presidente que chama aqueles que exercem seus direitos é pífio e vergonhoso. A verdade é que um presidente que chama nacionalistas brancos de “pessoas muito boas” e negros que protestam pacificamente de “filhos da puta” é entristecedor.

E toda vez que o presidente dos EUA tenta dividir a sociedade, me parece que mais forte ela fica.

E, infelizmente, hoje, no Monday Night Football, os Cowboys vão se abster da discussão e simplesmente fingir que isso não existe. A franquia mais valiosa do mundo, o “America’s Team”, um dono que adora glamour contanto que não estremeça sua posição política. É a convicção de que o Trump está certo ou medo de entrar numa discussão tão polêmica? “Decepção” define.

Por outro lado, orgulho ver Shahid Khan, dono dos Jaguars, e mesmo sendo doador de US$1 milhão à campanha do Trump, se opor aos comentários. Orgulho de ver Mark Davis, dono dos Raiders, apoiando os jogadores que protestarem.

“Just Protest, Baby.”

Porque, no final do dia, a veraneia vascaína pode estar passando na sua esquina, e você pode se tornar o próximo Alton Sterling.

 

Rafa Yamamoto

Dono do posto de editor mais bonito do Blue Star Brasil, Rafa Yamamoto é redator e apresenta o Podcast.

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