No fim, o ex-quarterback do Dallas Cowboys Tony Romo escolheu a família ao invés do futebol americano. O trabalho na transmissão de jogo permite a ele se manter conectado ao jogo. Mas a decisão de se aposentar envolveu sua saúde e sua família. E no final das contas, foi a coisa certa a se fazer.
Romo tem dois filhos pequenos e outro que vai nascer em Agosto. Ele somente participou de cinco jogos de 2014 devido a duas fraturas em sua clavícula e vértebras fraturadas. Sendo mais preciso, três das últimas seis vezes que ele pisou no campo, seja na pré-temporada ou temporada regular, ele sofreu alguma fratura em algum osso.
Por mais que Romo acredite que ele ainda consiga jogar em alto nível, por mais que Romo quisesse dar um belo encerramento na sua carreira, marcada por recordes, finalmente liderando o time aos playoffs e tendo sucesso, as questões da saúde e da família acabaram prevalecendo.
Como deveria prevalecer mesmo.
E esse é o motivo principal pela qual toda conjectura feita nas últimas semanas envolvendo os Cowboys e o dono Jerry Jones não estarem fazendo a coisa certa com Romo e segurando-o como refém era pura tolice.
O atraso na decisão não era somente sobre Jones segurando Romo e seus direitos e forçando-o a fazer uma troca. Era sobre também Romo tentar decidir o que ele queria fazer da sua vida. Lembrando, isso tudo aconteceu muito rápido para o ex-quarterback da franquia. Ele passou a pré-temporada de 2016 se motivando a voltar para campo e ser salvador do time, depois de perder 12 jogos em 2015 com duas fraturas na clavícula.
Foi por esse motivo que ele passou por uma cirurgia para fortalecer seu ombro e se prevenir contra algum dano futuro. Todas as esperanças dos Cowboys para 2016 foram baseadas no retorno de Romo saudável. E depois de três jogadas no primeiro jogo da pré-temporada, ele sofreu uma fratura nas suas costas.
Novamente, uma cirurgia foi necessária e um determinado Romo prometeu voltar para ajudar a salvar os Cowboys mais uma vez. Havia um sentimento dentro dele de deixar o time na mão novamente. Então, ele fez sua reabilitação com agressividade e foco.
Mas quando Romo estava pronto para voltar, os Cowboys já tinham seguido em frente. O novato, escolha de quarta rodada, Dak Prescott tinha ido de quarterback em desenvolvimento para o futuro para o quarterback da franquia no presente.
Romo concedeu sua posição de titular pelo bem do time. Mas ele nunca tinha imaginado terminar sua carreira e não ter tido a chance de liderar o time a um Super Bowl. Era muito para se absorver.
Acabou sendo um encaixe irônico para a meteórica e dramática ascensão de Romo para o estrelato, que era um free agent que não foi draftado em 2006 para ser o quarterback do America’s team. Romo veio do nada e chegou como um furacão.
E agora ele sai de cena tão rapidamente como surpreendentemente, seguido por, sem dúvidas, a melhor temporada em sua carreira, quando ele lançou para 33 touchdowns com nove interceptações e liderou os Cowboys para o título da NFC East com uma campanha de 12 vitórias e 4 derrotas, no ano de 2014.
Ao invés de Romo continuar sua carreira dali, ele jogou somente cinco partidas desde 2014. Foi algo difícil de assimilar e engolir. E é por isso que ele tem uma relação tensa com o técnico dos Cowboys Jason Garrett, que no final das contas tomou a decisão de tirá-lo da condição de titular e dá-la a Prescott.
Romo e Garrett não se falaram desde o final da temporada, ao mesmo tempo que Romo lutava entre sua aposentadoria e seus futuros planos. Diferentemente de muitos outros jogadores, que são forçados a se aposentar ou ficar afastados dos jogos mais tempo do que gostariam, Romo tinha opções.
A oportunidade de fazer uma imediata transição para a televisão permitiu a Romo a fazer um balanço do que é importante em sua vida. Romo fará 37 anos no final do mês. Não há motivos para continuar colocando seu corpo a provações de jogar na NFL. E por mais que ele ainda acredita que possa jogar em alto nível, finalmente ele não tem mais nada a provar para quem realmente entende do jogo.
O legado de Romo como uma lenda dos Cowboys deve ser inquestionável.
Não, ele não tem um anel de Super Bowl ou um grande número de vitórias nos playoffs. Ele somente tem duas em 10 anos como quarterback titular. Mas Romo possui quase todos os recordes do time que envolvem passe. Ele deve ser creditado por resgatar os Cowboys do abismo na posição de quarterback, após a aposentadoria de Troy Aikman. Ele fez os Cowboys relevante novamente.
Ele foi sobrevalorizado e subestimado tudo ao mesmo tempo. Mas no final de tudo, Romo se aposenta tendo sido escolhido quatro vezes para o Pro-Bowl e uma carreira de 78 vitórias e 49 derrotas. Suas 34.183 jardas lançadas e 248 passes para touchdowns são os melhores números na história da franquia.
Romo fecha a carreira com um rating de 97,1, que é o quarto melhor na história da NFL, atrás somente de Aaron Rodgers, Russell Wilson e Tom Brady. De acordo com o Elias Sports Bureau, Romo é o quarto em jardas passadas, o terceiro em passes para touchdown e o quarto em partidas começadas como titular entre os jogadores que não foram draftados desde 1970.
Não há mais nada para ele fazer. É permitido que ele escolha a família ao invés do futebol americano.