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OPINIÃO | “Palma, palma, não priemos cânico”

Como já era esperado, a free agency começou com força total. Milhões jogados pra lá, milhões pra cá. Trocas feitas que te deixaram de queixo caído, jogadores recebendo mais do que devem e tudo aquilo que toda offseason da NFL pode te oferecer.

Mas… e o Dallas Cowboys?

No primeiro dia do “mercado de transferências” da NFL, o Time da América fez um total de zero movimentações. Ok, renovou com Brice Butler, mas nada que correspondesse ao hype da free agency. E o sentimento que o torcedor sentia é que o time estava ficando para trás.

É possível discordar disso? Enquanto vários times por aí conseguiam reforçar suas posições mais carentes, o Dallas Cowboys fez exatamente o contrário: criou novas carências ao time. Líder e capitão da defesa, Barry Church se mandou para Jacksonville, enquanto Jerry Jones ainda viu Ronald Leary, Terrell McClain e Jack Crawford dizerem adeus ao time.

Mas calma que a situação ainda ficaria mais frustrante. Além de perder os jogadores, a diretoria do Cowboys viu os bons jogadores começarem a sair do mercado, acertando com outros times. Sabe aquele pass rusher que você achava que encaixaria bem no time? Fechou com outro já. E aquele wide receiver que jogaria bem ao lado do Dez Bryant? Também já fechou contrato.

É normal o sentimento de frustração. Confesso que eu também já tive e até hoje eu fico com um pé atrás com essa estratégia do time. Mas acredite se quiser: ela funciona.

Há um ditado no mundo da bola oval onde “times que fazem barulho em março não fazem barulho em janeiro”. Explicando: times que contratam muito na free agency não costumam ganhar jogos nos playoffs — ou sequer chegar a ele. E há um motivo para isso.

Enquanto na free agency você precisa dar a um jogador um salário maior do que ele vale (olá, Brandon Carr), no draft você consegue encontrar talentos por um preço mais barato e mais jovens. A estratégia que os times que mais fazem sucesso na NFL é basicamente essa: enquanto a free agency serve para contratar jogadores para compor elenco e suprir algumas carências, é no draft que você realmente monta sua equipe.

Achei que escreveria esse texto antes de qualquer movimentação do Dallas Cowboys, mas o time acabou sendo mais rápido que eu. Por sorte (ou não), Jerry Jones e cia. seguiram exatamente essa estratégia.

Terrell McClain se foi? O time trouxe Stephen Paea para substitui-lo. Jack Crawford fechou com outro time? Tragam Damontre Moore para o seu lugar. Indefinição sobre a situação de Morris Claiborne e Brandon Carr? Por que não trazer o Nolan Carroll para não deixar o time de mãos atadas pelos jogadores?

É assim que se monta um time vencedor. Para cada um jogador que recebeu um salário alto na free agency e deu certo, há cinco que não só não ajudaram como ainda comprometeram a folha salarial do time para os anos seguintes. E cá entre nós, o Dallas Cowboys não pode ter o luxo de fazer algo assim no momento.

O silêncio do Cowboys é esperado e não há desespero nenhum. Quanto mais dias se passam na free agency, mais os jogadores que ficam se desvalorizam e acabam aceitando salários menores do que esperavam receber. Foi assim que Terrance Williams renovou por quatro anos com o time. Como diria o autor da frase do título desse texto, Chapolin Colorado, “todos os movimentos são friamente calculados”.

Portanto, Dallas Cowboys, continue agindo dessa forma, sem fazer barulho. Mãos de cobra! Digo, mãos à obra!

Gabriel Plat

Curte NFL por escolha e o Dallas Cowboys por amor. Aprecia a boa música e compartilha outro sofrimento: o Botafogo. Um dos participantes do podcast.

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