Opinião

5 coisas que podemos tirar da eliminação do Dallas Cowboys nos playoffs

Esse é sem dúvidas um dos textos que eu não gostaria de estar fazendo. Minha ideia desde o começo era falar da classificação, da empolgação para a final de conferência e tudo mais, mas um chute de 51 jardas acabou com o sonho.

Mas deixando um pouco de lado o resultado do jogo, ele conseguiu nos mostrar algumas coisas bem interessantes ou até comprovar pontos que já estavam sendo observados ao longo de toda a temporada regular. Independente de sua situação, os pontos podem e devem ser observados não só como um fato isolado sobre o jogo, mas também para toda a próxima temporada.

Vamos à eles:
 

1. Dez Bryant está de volta

A temporada do camisa 88 começou bem ruim e teve muitas turbulências até domingo. Diria que ela teve mais pontos negativos que positivos até. De fato, Dez Bryant estava sendo mal utilizado, com o time sendo incapaz de explorar os bons matchups e sua extrema habilidade. Quem não lembra no meio da temporada, quando ele estava machucado, que alguns analistas americanos pediam que o time o trocasse pois ele não rendia com Dak Prescott, que estava jogando bem sem ele.

Acontece que contra o Green Bay Packers foi diferente. Sendo marcado pelo CB Ladarius Gunter em praticamente toda a partida, Dez Bryant usou e abusou dele. O jogo terminou com 12 passes em direção de Dez, sendo 9 deles recepções que garantiram 132 jardas e 2 touchdowns. Sabe aquele Dez Bryant de 2013, 2014? Pois bem, ele foi o mesmo Dez nessa partida.

Ao invés de deixá-lo sempre em situações desfavoráveis, a comissão técnica conseguiu alinhá-lo de diversas formas e o colocou nas mais diversas situações para receber os passes e ganhar jardas. É exatamente isso que ele precisa ser pra próxima temporada inteira, e não apenas em determinados jogos.

 

2. Não é sempre que o time consegue reverter começos de jogos ruins

Lembra o jogo contra o Detroit Lions, na Semana 16, que o Dallas Cowboys cedeu 21 pontos no primeiro tempo? Porque foi exatamente o que aconteceu nesse último jogo. Dessa vez não teve o desconhecido Zach Zenner acabando com a defesa, mas teve corridas longas de um fullback (!).

Contra o Lions, a defesa encaixou da metade do segundo quarto pro fim do jogo e fez um ótimo jogo a partir daí: sacksturnovers e principalmente punts. Isso lhe soa familiar? Pois é.

O Green Bay Packers é uma equipe melhor que o Detroit Lions e isso impediu que o Dallas Cowboys conseguisse outra reação como foi naquele jogo. Contra o Pittsburgh Steelers, outra forte equipe, a reação do time veio em campanhas milagrosas no fim da partida que talvez não aconteceriam se os times se enfrentassem de novo.

É fácil reagir em jogos de temporada regular, mas pós-temporada é outra coisa. A comissão técnica não pode chegar para uma partida dessas com um plano de jogo ruim e só melhorar com ajustes depois do time levar um baile. Não é sempre que podemos contar com o ovo na galinha, não é mesmo?

 

3. Precisamos de um pass rusher para ontem

Os defensive ends do Dallas Cowboys não podem se manter dessa forma. O ponto mais forte da linha defensiva hoje é o interior dela, mas acaba pecando nos jogadores focados no pass rush. Benson Mayowa não é um mal jogador, assim como DeMarcus Lawrence, principalmente pelo salário que recebem. O maior problema é o Tyrone Crawford receber 10 milhões por temporada e não fazer valer o contrato nem como defensive tackle e nem como defensive end.

Contra Aaron Rodgers, faltou pressão em cima do jogador em vários momentos, o que forçou o coordenador defensivo Rod Marinelli em usar a blitz para conseguir pressioná-lo. Mas há um problema nisso: um jogador a mais tentando derrubar o QB é um jogador a menos na cobertura contra o passe. Se a blitz é identificada antes pela leitura do quarterback, ele geralmente acaba fazendo a defesa pagar por isso. E não precisamos dizer nada sobre Rodgers, não é.

Com um pass rush melhor, o time não precisa colocar mais jogadores para derrubar o QB e pode se dar ao luxo de ter mais um contra a cobertura do passe. E jogando contra QBs bons, você sabe que isso é ótimo. Se tivéssemos um jogador desse calibre, o jogo de domingo poderia ter tido outro rumo.

 

4. Dan Bailey ainda é um dos kickers mais confiáveis da NFL

Estatisticamente, Dan Bailey teve a pior temporada de sua carreira. Nos últimos jogos da temporada, vimos Bailey errar de uma forma que ele não costumava errar: chutes com falta de força e não de direção. Você pode até dizer que não, mas aquele medo de um field goal errado passou a ter mais frequência nessa temporada por conta disso.

Em 2014, Bailey teve uma temporada excelente, mas errou dois field goals nos playoffs. Por pressão ou não, eu pessoalmente tinha um receio de que isso poderia acontecer de novo. E obviamente eu queimei a língua — com muito prazer.

Bailey acertou todos os chutes que tentou, com um de 51 jardas muito convincente que empatou o jogo no fim e poderia ter levado a partida pra prorrogação. Realmente, a queda de rendimento foi passageira.

Circulou ainda na imprensa americana de que Bailey teria jogado a temporada com uma hérnia de disco. Talvez não seja verdade, mas isso explicaria muito bem sua queda de rendimento.

 

5. Infelizmente, chegou a hora de dizer adeus ao Tony Romo

Dói meu coração escrever isso aqui. Eu amo o Tony Romo e tudo que ele fez pelo Time da América, mas não há mais como mantê-lo em Dallas. O primeiro motivo é a questão salarial: não podemos nos dar o luxo de pagar mais de vinte milhões de dólares para um jogador que será reserva. Não existe isso.

Mas o principal motivo está no atual titular.

Foram muitos jogos dessa temporada regular que eu vi que Romo teria uma capacidade de ter um jogo melhor que o Prescott. Nesse jogo contra o Packers eu não vi. Eu temia e muito que a pressão de um jogo de pós-temporada pudesse afetar o rendimento do Dak e eu me enganei completamente.

Dak Prescott jogou de igual para igual contra o Aaron Rodgers em um jogo de pós-temporada. Sério, leia essa frase de novo. Um calouro mostrou que pode jogar tão bem quanto um dos melhores QBs da liga no momento de maior pressão possível. O quanto isso é absurdo?

Esse jogo deixou claro de que Dak Prescott não é apenas um jogador de momento e tem todas as cartas possíveis para manter esse rendimento para o futuro que nos aguarda. E, infelizmente, o futuro do Dallas Cowboys não é o mesmo futuro que o Tony Romo.

Gabriel Plat

Curte NFL por escolha e o Dallas Cowboys por amor. Aprecia a boa música e compartilha outro sofrimento: o Botafogo. Um dos participantes do podcast.

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