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OPINIÃO | A culpa foi minha

Dia de jogo.

Hoje nada pode dar errado. Cueca da sorte. Camisa da sorte.

Usar meia preta? Nem pensar! Usei na primeira semana contra o New York Giants e deu errado. Uma meia branca com detalhes cinza e outra com detalhes em vermelho, como naquele dia que eu confundi e deu certo contra o Minnesota Vikings.

Hora do almoço. Comida de sempre porque essa deu sorte ao longo da temporada. Coca-cola? Melhor Pepsi, que pedi naquele dia que só tinha ela e vencemos o, olha só, Green Bay Packers!

Tempo não passa. Que horas é o jogo mesmo? 19h30?! Mas ainda são 16h! Se ao menos tivesse o jogo entre Chiefs e Steelers antes… Lembra na temporada de 2014? O jogo contra o Packers foi o primeiro daquele domingo e perdemos. Isso não é um bom sinal.

Chegou a hora. Jogo sintonizado na televisão que vi todos os jogos do ano. Ninguém senta no canto direito do sofá porque ele é meu. Foi nele que eu vi o time ganhar 13 vezes na temporada regular.

Começa a partida. Cowboys começa atacando e fica no field goal. Até aí tudo dando certo.

Touchdown do Green Bay Packers. Calma, foi só um contratempo.

Falta de 15 jardas. PuntTouchdown do Packers de novo.

Já está na hora de mudar alguma coisa? Melhor não.

Punt de novo. TD de novo. Agora chega. O problema deve ser a narração que tá dando azar. Tchau Everaldo e Paulo, olá Buck e Aikman, os caras que vão dar sorte.

Cowboys reage. Dez Bryant anotando touchdown. Dan Bailey anotando field goal. A reação vem, graças a narração americana.

Segundo tempo. Defesa não volta bem e cede outro touchdown para Aaron Rodgers. O notebook ainda está carregando e já está com 100% de bateria, tá aí o motivo do azar! Sem carregador, é hora da virada.

Dak Prescott interceptado. Será mesmo que fiz a coisa certa em tirar o carregador?

Green Bay Packers começa a atacar. Na jogada seguinte após dar um gole na minha bebida preferida, Aaron Rodgers é interceptado também. O carregador e a bebida fizeram dar certo!

A cada nova jogada de Dallas, um novo gole. Touchdown Jason Witten. Punt do Packers. Touchdown Dez Bryant. Dak Prescott confirma a conversão de dois pontos e jogo empatado.

Era isso. A virada vem!

Mas um problema veio. O computador estava quase descarregado. O que fazer? Descarregar e parar o tempo real do Blue Star Brasil no meio ou colocar o carregador e voltar com o azar?

Já sei. Carregador só nos intervalos. Assim não corria o risco de dar azar.

Field Goal de 56 jardas do Green Bay Packers. Não é possível. A superstição não vai deixar o jogo acabar assim.

1:33 no relógio. Ótima campanha de Dak Prescott que acaba no field goal de empate.

Outro problema: a bebida acabou. Não havia mais nenhuma em casa e não dava mais tempo de comprar outra. Vai ter que ser na raça, time.

Sack no Aaron Rodgers. Passe incompleto. 3ª para 20 jardas. 12 segundos. Agora vai.

Passe inacreditável para uma recepção mais inacreditável ainda e o Green Bay Packers estava em zona de FG. E agora?

Chute lá dentro e fim de jogo. Não, Jason Garrett pediu tempo! Isso vai dar certo.

Não deu. De novo lá dentro e o Dallas Cowboys era eliminado.

Mas como? Eu fiz tudo certo. Da cueca da sorte ao lugar no sofá. Das meias trocadas ao almoço de sempre. Talvez a superstição realmente não dê certo.

Olho para o computador. O carregador ainda estava conectado. Havia esquecido de tirá-lo depois do último comercial.

Me desculpe, torcedores do Dallas Cowboys. A culpa foi minha.

Gabriel Plat

Curte NFL por escolha e o Dallas Cowboys por amor. Aprecia a boa música e compartilha outro sofrimento: o Botafogo. Um dos participantes do podcast.

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